De acordo com a nossa aproximação metodológica, informamos o desenvolvimento de uma proposta semântica inédita para o timbre das armas dos Hay dos Condes de Errol (Escócia): “um falcão em meio-vôo de sua cor”.
Níveis semânticos: um ou mais.
Índice de discrição: médio.
Verbalização denominante: anglo-normando anglicizado.
Verbalização designante: inglês.
Enredo heráldico: dissociado do escudo.
Aparência falante: “aie” (anglo-normando » ajuda).
Traço aparente: escudo » figurações » escudetes.
Origem denominante: autóctone.
Credibilidade: excelente.
Número de caracteres: 4 ~ 3.
Cifra: 51.
Veja a nossa metodologia.
De acordo com a nossa aproximação metodológica, informamos o desenvolvimento de uma proposta semântica inédita para o timbre das armas dos Curtis de Tuddenham Hall (Inglaterra): “um leão sentado de sua cor, sustendo na garra direita um escudo de azul com uma faixa adentada acompanhada de três coroas murais de ouro”.
Níveis semânticos: um ou mais.
Índice de discrição: médio.
Verbalização denominante: anglo-normando.
Verbalização designante: inglês.
Enredo heráldico: associado ao escudo.
Aparência falante: “courtee” (anglo-normando » reunião real).
Traço aparente: escudo » figurações » coroas.
Origem denominante: autóctone.
Credibilidade: excelente.
Número de caracteres: 8 ~ 9.
Cifra: 27.
Veja a nossa metodologia.
De acordo com a nossa aproximação metodológica, informamos o desenvolvimento de uma proposta semântica inédita para o timbre das armas dos Malet de Wilbury House (Inglaterra): “uma cabeça de tigre heráldico de arminhos, sainte de uma coroa ducal de ouro”.
Níveis semânticos: um ou mais.
Índice de discrição: grande.
Verbalização denominante: anglo-normando.
Verbalização designante: inglês.
Enredo heráldico: dissociado do escudo.
Aparência falante: “malleter” (francês arcaico » malhar).
Traço aparente: escudo » figurações » vieiras.
Origem denominante: autóctone.
Credibilidade: excelente.
Número de caracteres: 6 ~ 10.
Cifra: 289.
Veja a nossa metodologia.
De acordo com a nossa aproximação metodológica, informamos o desenvolvimento de uma proposta semântica inédita para o timbre das armas dos Sackville-West (Inglaterra): “uma estrela de seis pontas ondeadas de prata sobre uma coroa de flores-de-lis de ouro”.
Níveis semânticos: um ou mais.
Índice de discrição: médio.
Verbalização denominante: francês anglicizado.
Verbalização designante: inglês.
Enredo heráldico: dissociado do escudo.
Aparência falante: “Sackville”.
Traço aparente: escudo » armas dos Sackville (segundo e terceiro quartéis).
Origem denominante: autóctone.
Credibilidade: excelente.
Número de caracteres: 10 ~ 9.
Cifra: 89.
Veja a nossa metodologia.
De acordo com a nossa aproximação metodológica, informamos o desenvolvimento de uma proposta semântica inédita para o timbre das armas dos Arundell de Wardour (Inglaterra): “um lobo de prata”.
Níveis semânticos: um ou mais.
Índice de discrição: médio.
Verbalização denominante: inglês.
Verbalização designante: anglo normando.
Enredo heráldico: (?) associado ao escudo.
Aparência falante: “arundel” (anglo normando » andorinhas).
Traço aparente: escudo » figurações » andorinhas.
Origem denominante: autóctone.
Credibilidade: excelente.
Número de caracteres: 8 ~ 10.
Cifra: 108.
Veja a nossa metodologia.
Este sexto e último nível semântico era de tal modo imperceptível que apenas encontrou-se ao concluirmos as nossas análises. Uma das razões foi que não afectava categoricamente qualquer traço heráldico como cores ou formas, redundante com tudo aquilo que tínhamos já tratado antes. Para este nível usámos o cognome de Eduardo - o Confessor - que poderemos classificar no género antroponímico relativo à metonímia do referente. É interessante observar que, comparando-o às outras descrições utilizadas: Rei, Santo, Eduardo e winchestrense, será este o mais característico. Os demais apenas fazem sentido quando reunidos mas “o Confessor” tem a qualidade de poder evocar facilmente a nossa referência, Eduardo, mesmo quando sozinho, porque existiram muitos outros reis, santos, Eduardos e winchestrenses.
Como não resultou nenhum efeito heráldico deste nível deveríamos duvidar da adequação de considerá-lo na análise. Uma grande virtude seria despistar quaisquer incompatibilidades entre os diversos níveis. Obviamente isto será mais vantajoso se detectado durante as etapas analíticas iniciais. A parte mais difícil dos nossos estudos é a recolha de parofonias razoáveis, que combinem-se adequadamente umas com as outras ao integrarem um enredo heráldico. No início de cada investigação, quando nada se sabe sobre a motivação dos traços heráldicos, uma vez que se encontre um direccionamento tendencial, todos os níveis semânticos estão obrigados a obedecê-lo.
Um benefício adicional será determinar se um tal comportamento reproduz-se consistentemente no nosso corpus, levando eventualmente à descoberta de outras associações, apenas aparentes pela observação das ocorrências como um todo. Foi este o procedimento que nos permitiu identificar a maior parte da estrutura implícita nas parofonias, desenvolvendo as tipologias que nos auxiliaram a estabelecer vínculos comuns a armas distintas.
A organização motivacional é muito peculiar neste exemplo das armas de Santo Eduardo, uma vez que o enredo parece criado por dois autores distintos, separados por centenas de anos. O mais antigo, ligado à representação numismática, refere Eduardo como rei; o mais recente descreve a sua glorificação como santo. Se não soubéssemos da existência das moedas tudo seria muito mais difícil. O exame semântico poderia desviar-se para soluções diferentes, presumivelmente piores, ou até deter-se porque, por exemplo, a palavra anglo-normanda mais usada para designar um soberano era rei e não roi.
A parofonia encontrada é Confessur (ano. Confessor) ~ Qu'hom fait sur (ano. que se faz sobre). A forma moderna em francês, qu'on, dissimula a origem da palavra, ligada a uma forma impessoal de hom (ano. homem), actuando como “um” ou “nós”. A frase está incompleta e devemos buscar o termo que consumará o seu possível significado. No presente contexto poderemos apenas sugerir o substrato heráldico para esta função. Após determinarem-se todas as figurações e esmaltes tudo o que precisamos fazer é desenhá-las e pintá-las sobre o escudo. Este é o tema que qu'hom fait sur justifica.
O índice de discrição totaliza k = 0,14 e a média aritmética de todos os seis níveis é k = 0,08, um resultado extremamente baixo, talvez indicando que a maior parte, senão mesmo todas as soluções propostas, não poderão ser melhoradas no que se refere à parofonia. Note-se que esta metodologia não fornece provas específicas para quaisquer proposições parofónicas. Estabelecemos apenas que o conjunto de propostas para um mesmo brasão com os respectivos níveis semânticos poderá eventualmente considerar-se como coerente e portanto quase impossível de considerar como estatisticamente fortuito. Mas mesmo assim é impossível garantir que um ou dois destes níveis não estejam equivocados.
É decerto importante encontrar outras representações heráldicas que repitam o mesmo tipo de associações e comportamentos visuais para garantir uma justificação válida. Será contudo preferível utilizar evidências históricas triviais como documentos e artefactos. Isso nem sempre é fácil e virtualmente impossível para as armas de fantasia, como estas que acabámos de estudar agora.
Repare-se que tomámos os fonemas [Om] emparelhados com [Õ], o que poderá parecer estranho. Na realidade, [O] e [m] são dois fonemas distintos mas terão necessariamente de ser comparados com a nasalização [Õ], uma sonoridade elementar. Se obedecermos cegamente à metodologia, ao usar-se o emparelhamento formal [Õ][_] ~ [O][m], obteríamos penalizações excessivamente altas durante o cálculo de k. O efeito numérico no índice de discrição seria o mesmo que, digamos, [Õ][_] ~ [O][s], o que é inaceitável. O mesmo critério foi aplicado antes com [tS] e [S] para a parofonia Itchen ~ I chenne.
Terminamos assim esta análise, uma das mais difíceis que já fizemos, com o número recorde de seis níveis semânticos. Esta foi a mesma quantidade encontrada nas armas primitivas dos reis de Portugal, que consumiram a maior parte do nosso tempo e empenho. Serão verdadeiros? Não sabemos, mas lembrando que todos os seus índices de discrição são extremamente baixos e que os níveis semânticos interagem coerentemente, a resposta tenderá a ser afirmativa.
Introduziremos algumas ideias relativas a uma justificação probabilística. Tome-se a parofonia Seint ~ Cinq como exemplo e tentem-se encontrar “trocadilhos” com Cinq ou equivalentes como “V”, “B”, “quinteto”, “quina”, etc., a emparelhar com outras palavras em francês arcaico, relacionadas de algum modo consistente com Santo Eduardo. De modo a compatibilizar-se com a nossa análise o índice de discrição não poderá ultrapassar 0,2. Para simplificar usam-se apenas parofonias elementares incluindo apenas uma palavra. Asseguramos que não será possível achar tantas mas suponha-se por exagero que encontrámos dez parofonias viáveis. O próximo passo é dividir dez pelo número de palavras existentes no francês arcaico usadas por um falante ordinário; digamos cinco mil.
Portanto, também de uma forma simplificada, a probabilidade de que esta solução parofónica derive apenas da sorte é cerca de 10/5000 = 0,002 ou 0,2% (num hipotético espaço amostral equiprovável). Se estendermos este resultado a seis níveis semânticos distintos e independentes, a eventualidade de uma coincidência simultânea valeria 0.002 × 0.002 × 0.002 × 0.002 × 0.002 × 0.002 = 0,000000000000000064 = 0,0000000000000064 %. Naturalmente, se tomarmos parofonias compostas devemos levar em conta todas as combinações possíveis, duas a duas, três a três, etc. O resultado seria ainda mais pequeno devido à enorme dimensão do divisor. Como se entenderá, esta é uma abordagem abreviada construída com elementos pouco complexos e idealizados. Mas é fácil de entender e oferece uma visão racional das ordens de magnitude envolvidas.
Eduardo o Confessor - Armas de Fantasia (VI) | ||||||||||||
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Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Fantasia | R | Eduardo o Confessor | ||||||||||
Antropónimo | M | Confessor | ||||||||||
Língua de Conquista | V | Anglo-Normando | ||||||||||
Denominante | A | Confessur | ||||||||||
Grafemização | A | C | O | N | F | E | S | S | U | R | ||||||||||
Fonemização denominante | A | k | Õ | f | E | s | y | R\ | ||||||||||
Emparelhamento | A | k | Õ | f | E | s | y | R\ | ||||||||||
A | k | Om | f | E | s | y | R\ | |||||||||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de carácter | A | 0,0 | 0,5 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de posição | A | 0,0 | 1,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Parcelas | A | 0,0 | 0,5 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Índice de discrição | A | k = 0,14 | ||||||||||
Fonemização designante | A | k | Om | f | E | s | y | R\ | ||||||||||
Grafemização | A | Q| U' | H | O | M | | F | A | I | T | | S | U | R | ||||||||||
Designante | A | qu'hom fait sur | ||||||||||
Abrangente | E | qu'hom fait sur | ||||||||||
Monossemia simples | S | que se faz sobre (o escudo) | ||||||||||
S | qu'hom fait sur | |||||||||||
Esmalte | H | De azul | ||||||||||
Número | H | uma | ||||||||||
Figuração | H | cruz | ||||||||||
Aspecto | H | florenciada | ||||||||||
Esmalte | H | em ouro | ||||||||||
Localização | H | acantonada de | ||||||||||
Número | H | quatro | ||||||||||
Figuração | H | merletas | ||||||||||
Conectivo | H | e | ||||||||||
Número | H | mais outra | ||||||||||
Localização | H | em ponta | ||||||||||
Número | H | todas | ||||||||||
Esmalte | H | do mesmo |
(próxima análise neste blog aqui)
O quinto nível semântico presente nas armas de Santo Eduardo o Confessor repete a inspiração geográfica da metonímia do referente que o antecedeu: Wincestrin. Além da alusão directa a Winchester podemos agora observar a representação verbal do seu rio Itchen. Similarmente, numa análise anterior, tínhamos aplicado o rio Danúbio como contiguidade de Sagremor e Buda. Não foi possível encontrar o nome anglo-normando para este hidrónimo, usámos portanto o equivalente em Inglês como denominante. Na verdade, nem sequer sabemos se existiu qualquer palavra específica naquela língua mas, aparentemente, não seria muito diferente de Itchen.
Entretanto, a segunda parte da nossa parofonia, o designante, continua a usar o anglo-normando. A este género de combinação chamamos hibridização linguística. Para as parofonias resulta frequentemente do desconhecimento sobre a forma de expressarem-se ambos os componentes adoptando-se apenas uma língua, como neste caso. Também podem aparecer com termos locais que sobrevivam no vocabulário de uma lingua franca. Em português, por exemplo, surgem palavras góticas e árabes simultaneamente com o latim de modo a construirem designantes.
A parofonia actual constrói-se com Itchen ~ I chenne (ano. uma canada), o último componente carecendo de ser ajustado antes de poderem comparar-se os seus fonemas com os do denominante. Uma primeira metonímia diverge a partir do grafema comum “I”, de reconhecimento simples, além disso sustentado por outras ocorrências na nossa investigação. É responsável pela transformação da letra “i” no numeral romano que vale um.
I(chenne) < I (letra i) < I
I (chenne) < I (número 1) < I
Além disso, assinalamos o uso de um par de grafemas, “ch”, com duas expressões possíveis, adoptadas convenientemente para auxiliar à parofonia. Em primeiro lugar quando Itchen deve ser comparado com a fonemização similar de chenne, em que “ch” soa como [S]. Em segundo lugar quando se constrói o significado e necessitamos da palavra que significa “uma canada”, ou seja, chenne, e “ch” soa agora como [k], como outras formas conhecidas - cane ou canne - muito próximas ou iguais à pronúncia actual em francês. Um exemplo semelhante vê-se nas armas dos primeiros reis de Portugal para a sua capital Coimbra. De modo a denotar que o mesmo grupo de letras configura sonoridades distintas baptizámos este fenómeno recorrente como heterofonia homográfica.
ch(enne) > [k(@n)]
ch(enne) < [S(@n)]
Concluídos a acomodação e o emparelhamento calculámos também o índice de discrição, k = 0,19. Este procedimento teve de recorrer a uma fórmula mais extensa, aplicada para compensar o escasso número de fonemas e consequente desequilíbrio (ver Fórmula 3.1 à p. 51 na dissertação). Desse modo levou-se em conta adicionalmente o número total de transformações (j = 1) divido pelo quadrado do valor máximo entre o denominante e designante, max (D, d)2 = max (4, 4)2 = (4)2 = 16. Subtraiu-se portanto 1/16 = 0,0625 da nossa fórmula principal para obter 0,250 - 0,0625 e o valor de k = 0,19.
Uma segunda metonímia justificará o azul do enredo heráldico das armas de Santo Eduardo. Já tínhamos mencionado que a aplicação do referido esmalte não era compatível com um céu, pelo menos neste brasão. É certo que cruzes e pássaros ajustar-se-iam com perfeição a este pano de fundo mas relembramos que as merletas não voam no escudo de Santo Eduardo. Sabemos ainda que o azul representa a água na heráldica, contudo cinco merletas a flutuar em torno de uma cruz que se afunda parece ser uma conceptualização algo inadequada. Qual a alternativa?
O designante chenne (ano. canada) era também entendido como medida de capacidade para líquidos, sentido reforçado pelo numeral romano I que o precede. Uma medida largamente utilizada com água, vinho e eventualmente com sólidos a granel. A próxima transformação recorre ao que quer que seja que estivesse a ser medido como ideia determinante, em vez do contentor propriamente dito. De um modo parecido dizemos: “Bebi um copo de leite” em vez de “Bebi o conteúdo de um copo de leite”. Mas o conteúdo de que falamos é efectivamente água por algumas boas razões.
A motivação mais óbvia para o azul é que este reproduz a cor da água heráldica, assim como o esmalte púrpura seria o mais natural para o vinho, o prata para o leite e assim por diante. Em segundo lugar, a quantidade relativamente pequena de uma canada seria apenas suficiente para “molhar” o campo, permitindo que os pássaros e a cruz fossem suportados pelo chão. A água, em terceiro lugar, embora representada através do azul, entende-se como transparente e se aplicada sobre o todo este permaneceria imaculadamente limpo. Em quarto lugar poderíamos dizer que este designante, à partida, também representa um rio, e não é necessário acrescentar de se constitui. Finalmente, devemos responder à pergunta - Que espécie de líquido seria suficientemente respeitável para acompanhar as cinco aves que representam a santidade de Eduardo e o símbolo do próprio Cristo? Não deveria prejudicar, empanar ou, de qualquer outro, modo dessacralizar o enredo que já temos organizado.
A resposta não poderia ser outra senão a água benta, em perfeita associação com o bando de aves e com a cruz. Observe-se, incidentalmente que é de hábito aspergida, talvez a significar que se estenda sobre as figurações, se ainda considerarmos a mencionada transparência. Note-se que a expressão em anglo-normando é euwe benette, mas pode-se admitir facilmente para o fim do século XIV que o inglês pudesse afectar a metonímia. Repare-se que tal não seria mesmo estritamente necessário, devido à significativa ambientação religiosa do brasão. Sem dúvida o todo é influenciado pelo estatuto de Eduardo como santo. Formalmente, trata-se de mais uma metonimização convergente:
Eduardo > Santo Eduardo > santo (ing. holy)
uma canada > conteúdo > água benta (ing. holy water)
Necessitamos ademais de justificar a convenção azul para a água. A percepção desta cor nas extensões pouco profundas considera-se como causada pela reflexão e dispersão da luz do céu, o que não se adaptaria bem a uma generalização. Para mais o mar é intrinsecamente azul mesmo durante as tempestades, quando os céus mostram-se acinzentados. Este azul apresenta-se quase imperceptível na neve e no gelo, mas tudo resulta do mesmo fenómeno físico. Provavelmente foram estas as tonalidades de azul que inspiraram a heráldica e muitas outras representações da água. De qualquer modo, o oceano é a mais poderosa, extensa e majestosa manifestação aquática, e o mecanismo de sublimação surge também para tingir qualquer forma ou quantidade de água com a cor azul; uma metonímia convergente tripla:
mar > azulado
água do mar > azulada
qualquer água > azulada
Deveríamos terminar aqui os nossos comentários sobre as armas de Santo Eduardo o Confessor, mas encontramos há pouco um sexto nível semântico. Assim esta série não acabará hoje como referimos antes. Felizmente este nível não prejudica a sequência de apresentação dos cinco anteriores; trata-se mais de um complemento que considera tudo o que já dissemos.
Eduardo o Confessor - Armas de Fantasia (V) | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Fantasia | R | Eduardo o Confessor | ||||||||||
Hidrónimo | M | Rio Itchen | ||||||||||
Hibridização Linguística | V | Inglês ~ Anglo-Normando | ||||||||||
Denominante | A | Itchen | ||||||||||
Grafemização | A | I | T | C | H | E | N | ||||||||||
Fonemização denominante | A | i | tS | @ | n | ||||||||||
Emparelhamento | A | i | tS | @ | n | ||||||||||
A | i | S | @ | n | |||||||||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de carácter | A | 0,0 | 0,5 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de posição | A | 0,0 | 1,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Parcelas | A | 0,0 | 0,5 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Índice de discrição | A | k = 0,19 | ||||||||||
Heterofonia homográfica | A | ch(enne) > [k(@n)] | ||||||||||
A | ch(enne) > [S(@n)] | |||||||||||
Fonemização designante | A | i | S | @ | n | ||||||||||
Grafemização | A | I | | C | H | E | N | N | E | ||||||||||
Designante | A | I chenne | ||||||||||
Outros substantivos | E | une chenne | ||||||||||
Metonímia divergente | S | I(chenne) > I (letra i) > I | ||||||||||
S | I (chenne) < I (número 1) < I | |||||||||||
Monossemia simples | S | azul | ||||||||||
S | I chenne | |||||||||||
Metonímia convergente | S | Eduardo > Santo Eduardo > santo (holy) | ||||||||||
S | 1 canada > conteúdo > água benta (holy water) | |||||||||||
Esmalte | H | azulada | De azul | |||||||||
Imanência | C | água | ||||||||||
Contraste | C | ouro | ||||||||||
Metonímia convergente, Sublimação | S | mar > azulado | ||||||||||
S | água do mar > azulada | |||||||||||
S | qualquer água > azulada | |||||||||||
Número | H | uma | ||||||||||
Figuração | H | cruz | ||||||||||
Aspecto | H | florenciada | ||||||||||
Esmalte | H | em ouro | ||||||||||
Localização | H | acantonada de | ||||||||||
Número | H | quatro | ||||||||||
Figuração | H | merletas | ||||||||||
Conectivo | H | e | ||||||||||
Número | H | mais outra | ||||||||||
Localização | H | em ponta | ||||||||||
Número | H | todas | ||||||||||
Esmalte | H | do mesmo |
(próximo artigo nesta série VI/VI)
Chegámos finalmente ao ponto em que se consideram os esmaltes. Qual é a certeza de que esta suposta parofonia aplicada às cores é suficientemente razoável para ser aceite? Por quê não se atribuem os esmaltes a uma propriedade natural das entidades que se vêem delineadas nos brasões? Infelizmente as coisas não são assim tão simples. Ninguém poderá assegurar que esta ou aquela imagem é falante, por exemplo. Mesmo representações “óbvias” como as usadas pelos Reis de Leão (De prata um leão de púrpura) viram contestado o seu estatuto falante. Alguns autores afirmam que este leão pode muito bem representar a força e o carácter do rei, em vez de um trocadilho que lembre o nome do seu reino: Llion ~ llion (leo. leão). É matéria de interpretação pessoal, que coincidirá ou não com as intenções primitivas.
É perfeitamente admissível que as cores sejam falantes, mesmo sob um ponto de vista tradicional. Aparecem normalmente na forma de esmaltes plenos como em Rossi ~ Rossi (ita. vermelhos), onde o vermelho que ocupa todo o campo do escudo transforma esta evidência em inevitável explicação. A metodologia parofónica permite um domínio de interpretações mais completo, explicando mesmo pequenos pormenores cromáticos, de outra forma menosprezados. Por outro lado, o que parece ser um esmalte natural e desenxabido poderá esconder um significado surpreendente e inesperado, como o campo azul usado nas armas dos reis de França. Naturalmente, a maior parte das figurações heráldicas apresenta as suas cores naturais.
O que torna algo irrazoável a negação deste tipo de fenómeno é que as armas falantes são percebidas como uma manifestação heráldica geral e reconhecida. Portanto, se ocorre noutras ocasiões deveria também ocorrer neste caso particular. Pode dizer-se o mesmo acerca da parofonia, com a diferença de que aqui o universo alcançado é bem maior. Poderá influenciar cada um dos aspectos do brasonamento: figurações, separações, atitudes, esmaltes, etc.
Não resta praticamente nada para uma escolha arbitrária, cada traço heráldico parece propenso a uma intenção parofónica deliberada ou resultar de uma imanência dos outros elementos já representados. Mas se por acaso encontrarem-se leões azuis, águias púrpura ou céus verdes, acreditem, haverá aí mais do que uma simples arbitrariedade estética. O homem medieval não era tolo ou ingénuo, como alguns poderão comodamente pensar, talvez a justificar a insanidade e insensibilidade dos nossos tempos.
Devemos abandonar as nossas generalizações e voltar à cruz e aves de Santo Eduardo. Notámos anteriormente que o esmalte dourado poderia ser o mais apropriado para a nossa cruz. Madeira, ouro, latão ou bronze conviriam perfeitamente ao artefacto e poderiam de facto ser a motivação por detrás das cores. Mas antes já tínhamos proposto que os quatro lises nos braços da cruz seriam os mesmos presentes na Coroa de Santo Eduardo. Não se poderia assumir que o resto do material da cruz fosse também em ouro, afinal um tipo de amarelo - caso encerrado - ou talvez não? Sim e não. Aceitamos que a cruz que aparece nas armas de Santo Eduardo seja feita em ouro. Não devemos, contudo, recusar outras contribuições parofónicas que abranjam esta propriedade da cruz heráldica desde que não haja conflito. Trata-se precisamente disso, o que explicitaremos mais abaixo.
Depois destas considerações sobre a cruz volvemos a nossa atenção para os pássaros. As merletas heráldicas usadas em Inglaterra inspiraram-se nas andorinhas, uma ave gregária bem conhecida, com um bico pequeno e patas diminutas, de tal modo que quase não as vemos, seja na vida real seja nos desenhos simplificados da heráldica. Não existem contudo andorinhas amarelas e mesmo pássaros inteiramente dessa cor são difíceis de encontrar na Europa.
O facto de que as merletas representam pássaros em geral não ajuda muito pois aparecem em variados esmaltes. As armas de fantasia de Sussex que incluem seis merletas - três, dois e um - aparecem em documentos tardios e é difícil chegar-se a qualquer conclusão formal a partir daí. Parecem inspirarem-se nas armas estudadas neste artigo e mencionamos a parofonia Sussex ~ Suos (lat. seus) sex (lat. seis), que poderia referir alguém em particular. Talvez o autor não conhecesse ou ignorasse a parofonia - Seint ~ Cinc - aplicada a Eduardo e por conveniência admitisse seis elementos no bando de aves, usando o Latim como instrumento arcaizante. Se aceitarmos esta inspiração, as armas poderão datar-se como posteriores ao século XIV. Os restantes aspectos desta representação devem deixar-se para uma pesquisa posterior.
Na generalidade poderíamos admitir que quaisquer andorinhas castanhas pudessem ser transformadas em ouro, uma suposição pertinente, ou que o brilho da cruz em ouro se reflectisse nas merletas. Também poderia ser entendido por alguns como derivado de um nimbo cruciforme formado pelo aro da moeda e pela cruz, o todo a espalhar algo da claridade para as pombas; mas não existem cores nas moedas e Eduardo não era ainda reconhecido como santo.
Deixem-nos ainda fazer mais uma observação sobre a metodologia parofónica. A vasta maioria das metonímias do referente são de carácter geográfico e ainda não aplicámos nenhuma. Por quê será? Provavelmente porque estas armas baseavam-se numa representação numismática e que estas demandassem uma inspiração distinta. Lembramos que as três metonímias já encontradas baseavam-se na antroponímia - Edouard ~ Et due harde - e na condição de Eduardo - Seint ~ Cinc e C(e)roi ~ Crois. Isso é decididamente surpreendente se formos compará-las com as representações típicas e ainda mais seria se não existissem parofonias suplementares e consequentemente quaisquer metonímias geográficas.
A capital de Eduardo o Confessor era Winchester e apenas mais tarde com a conquista normanda iria transferir-se para Londres. Já vimos nas armas de Sagremor - Aquincenses ~ Ac quini sentes - que estes demónimos podem ter um papel importante para traduzir o referente em imagens. Esse também é o caso para o Rei Eduardo, não na forma plural usada para o cavaleiro húngaro imaginário mas apenas como mais uma circunstância da sua vida: alguém que viveu em Winchester. Note-se que Eduardo não nasceu ali; a parofonia está ligada à cidade como capital do Reino, não ao local de nascimento do Rei.
A parofonia constrói-se usando j' Wincestrin (ano. eu Winchestrense) ~ juints cestrins (ano. juntos amarelo-limão). Não foi possível encontrar a palavra anglo-normanda específica Wincestrin ou, já agora, qualquer outra, para os habitantes de Winchester. É possível, porém, achar Wincestre para o nome da cidade e compará-la então com outros gentílicos conhecidos, como Parisin, inferindo-se as conclusões necessárias. “Juntos” refere-se a qualquer coisa que possa ser enumerada dentro do escudo, excluindo-se obviamente o campo por incontável e ademais necessário ao contraste.
Repare-se ainda que Je (ano. Eu) transforma-se em J' perante sons vocálicos mas mesmo ao preceder consoantes na prática oral e além disso que os plurais terminados em “s” são mudos. A pronúncia da primeira sílaba de Wincestrin poderia muito bem ser [win] em vez de [wẼ], de acordo com a natureza local da palavra. O índice de discrição seria alterado ligeiramente de k = 0,0 para k = 0,30, nada de alarmante, mas preferimos acompanhar o óbvio desígnio de uniformização sonora, exagerando talvez o entusiasmo referente aos aspectos francófonos do anglo-normando.
Tanto o denominante como o designante vêem o seu significado restringido pela metonimização. O primeiro através de duas metonímias convergentes:
Eu > brasão > armigerado > Eduardo
Winchestrense > vive em Winchester > o rei > Eduardo
O segundo como duas metonímias simples distintas:
juntos > todos > figurações > cruz e merletas
amarelo-limão > amarelado > ouro
Poderíamos ter classificado a última metonímia como uma sublimação, em que o tom dourado reflectisse a escolha mais lisonjeira dentre todos os amarelos possíveis. Mas veja-se que já temos um pretexto cromático baseado nas flores-de-lis e que além disso um qualquer amarelo que aparecesse seria inevitavelmente descrito como ouro. Daí que a cor da cruz e das merletas deva ser entendida não como amarelo-limão mas como ouro, transformado e descrito pelas práticas do brasonamento. Isso não acontecerá sempre, algumas figurações necessitam de manter a sua identidade amarela de modo a garantir a consistência. As metonimizações cromáticas não ocorrem então, contradizendo a sua descrição no brasonamento, uma linguagem convencionalizada.
Necessitamos ainda de justificar o porquê das aves amarelas no enredo dos traços heráldicos das armas. Parece insuficiente afirmar que as cores provêem da parofonia amarelo-limão. É esta coerência que mantém o todo visual unido e ajuda a afirmar que seria muito difícil que proviesse de qualquer outro motivo que não fosse a intenção. Cestrin está frequentemente associado com a descrição de pedras preciosas. Tudo o que poderíamos imaginar naquele período seriam algumas pedras engastadas na cruz, o que não é o caso. Adicionalmente, não havia capacidade técnica para lapidar as gemas na forma da cruz ou das merletas por inteiro.
Deveremos buscar outra explicação. Voltemos atrás até à identificação das cinco merletas com a santidade do Rei Eduardo através do seu número, Seint ~ Cinc e respectiva condição de bando, Edouard ~ Et due harde. É legítimo pensar que a cor pudesse estar associada com essa condição. Não deveriam reflectir, portanto, o brilho da cruz em ouro, como suposto anteriormente, mas um resplendor interno de santidade.
Este resplendor é representado convencionalmente por um halo ao redor da cabeça dos santos quando se desenham figuras humanas. No que se refere a pássaros, a pomba do Espírito Santo surge de hábito como inteiramente branca com um resplendor amarelado à sua volta que emerge do interior. Seremos informados no quinto nível semântico de que o esmalte azul é “bento” assim não haveria qualquer vantagem semântica em diluir o campo com um halo. Pareceria de qualquer maneira uma técnica bizarra para um brasonamento deste período. O que aconteceu é que o autor do brasão simplificou o halo resplandecente através do esmalte das merletas, transformado a partir do seu brilho interior amarelado. De um modo similar, uma estrela é encoberta por uma nuvem branca e altera o seu esmalte de ouro para negro nas armas de Sagremor. Uma técnica realista teria colorido toda a nuvem de branco, mas deste modo não explicitaria o astro ainda escondido, ignorando a sua presença. Tudo o que precisamos para o enredo heráldico é uma construção credível, que possa “justificar” os aspectos determinativos da parofonia a montante, mesmo se insólitos, uma vez que derivam do acaso.
Eduardo o Confessor - Armas de Fantasia (IV) | ||||||||||||
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Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Fantasia | R | Eduardo o Confessor | ||||||||||
Demónimo | M | Winchestrense | ||||||||||
Língua de Conquista | V | Anglo-Normando | ||||||||||
Denominante | A | J' Wincestrin | ||||||||||
Metonímia convergente | S | Eu > brasão > armigerado > Eduardo | ||||||||||
S | Winchestrense > vive em Winchester > rei > Eduardo | |||||||||||
Grafemização | A | J' | | W | I | N | C | E | S | T | R | I | N | ||||||||||
Fonemização denominante | A | Z | w | Ẽ | s | E | s | t | R\ | Ẽ | ||||||||||
Emparelhamento | A | Z | w | Ẽ | s | E | s | t | R\ | Ẽ | ||||||||||
A | Z | w | Ẽ | s | E | s | t | R\ | Ẽ | |||||||||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de carácter | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de posição | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Parcelas | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Índice de discrição | A | k = 0,0 | ||||||||||
Fonemização designante | A | Z | w | Ẽ | s | E | s | t | R\ | Ẽ | ||||||||||
Grafemização | A | J | U | I | N | T | S | | C | E | S | T | R | I | N | S | ||||||||||
Designante | A | juints cestrins | ||||||||||
Coloração | E | amarelo-limão | ||||||||||
Monossemia simples | S | ouro | ||||||||||
S | amarelo-limão | |||||||||||
Esmalte | H | De azul | ||||||||||
Número | H | uma | ||||||||||
Figuração | H | cruz | ||||||||||
Aspecto | H | florenciada | ||||||||||
Esmalte | H | amarelo-limão | em ouro | |||||||||
Localização | H | acantonada de | ||||||||||
Número | H | quatro | ||||||||||
Figuração | H | merletas | ||||||||||
Conectivo | H | e | ||||||||||
Número | H | mais outra | ||||||||||
Localização | H | em ponta | ||||||||||
Número | H | todas | ||||||||||
Metonímia simples | S | juntos > todos > figurações > cruz e merletas | ||||||||||
Metonímia simples, Redundância | S | amarelo-limão > amarelado > ouro | ||||||||||
Esmalte | H | amarelo-limão | do mesmo | |||||||||
Imanência, Redundância | C | ouro (flores-de-lis) | ||||||||||
Contraste | C | azul |
(próximo artigo nesta série V/VI)
Este artigo é breve e simples. O terceiro nível semântico trata da mudança de quatro pombas, nas moedas de Eduardo o Confessor, para cinco merletas nas suas armas de fantasia. Pela segunda vez nestas nossas análises, tal como no primeiro nível semântico, C(e) roi ~ Crois, o referente metonimiza Eduardo com a sua condição; de início como rei, agora também como santo. Talvez estes exemplos ilustrem um método suplementar para construir a metonímia do referente mas o facto é que apenas foi possível identificar algumas poucas ocorrências. A esmagadora maioria utiliza metonimizações geográficas.
Esta é a primeira ocasião nesta análise em que o nosso instrumento de verbalização é (ligeiramente) alterado de uma língua de influência, o francês arcaico, para a língua de conquista então ainda usada em Inglaterra, o anglo-normando, a despeito de quase três séculos de coexistência desde que Guilherme o Conquistador atravessou o Canal da Mancha. Resulta que a parofonia obtém-se através de Seint (ano. santo) ~ Cinc (ano. cinco); o índice de discrição correspondente é k = 0. Não nos deixemos enganar pela escrita, os sons são efectivamente iguais, [sẼ] ~ [sẼ]. Observe-se que cinc, quando isolado, pronuncia-se [sẼk], sendo alterado para [sẼ] diante de merlés (ano. merletas) ou de quaisquer outros substantivos no plural que comecem com um fonema consonantal, isto no francês contemporâneo.
Estamos em condições de compreender agora que, uma vez que as moedas foram cunhadas durante a vida do rei, não havia ainda qualquer razão para descrever a sua condição como santo. As pombas, entretanto, representavam a parofonia Edouard ~ Et due harde, visualizada nos seus soberanos de prata. A quantidade era ali apenas uma adaptação da ideia de bando de aves às “reentrâncias” disponíveis em torno da cruz.
Mas agora deparamo-nos com uma especificação muito objectiva: devemos ver cinco pássaros no brasão. O arranjo ideado para este fim usou o espaço adicional na base do escudo, indisponível na moeda, de modo a acomodar a quinta merleta. Nada mais temos a acrescentar. A ideia de “cinco” acompanha-nos desde a ocorrência como designante até a sua concretização em cinco aves. Não há qualquer hipótese de má interpretação neste percurso.
Eduardo o Confessor - Armas de Fantasia (III) | ||||||||||||
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Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Fantasia | R | Eduardo o Confessor | ||||||||||
Condição | M | Santo | ||||||||||
Língua de Conquista | V | Anglo-Normando | ||||||||||
Denominante | A | Seint | ||||||||||
Grafemização | A | S | E | I | N | T | ||||||||||
Fonemização denominante | A | s | Ẽ | ||||||||||
Emparelhamento | A | s | Ẽ | ||||||||||
A | s | Ẽ | |||||||||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de carácter | A | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de posição | A | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Parcelas | A | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Índice de discrição | A | k = 0,0 | ||||||||||
Fonemização designante | A | s | Ẽ | ||||||||||
Grafemização | A | C | I | N | C | ||||||||||
Designante | A | cinc | ||||||||||
Quantidade | E | cinco | ||||||||||
Monossemia simples | S | cinco | ||||||||||
S | cinco | |||||||||||
Esmalte | H | De azul | ||||||||||
Número | H | uma | ||||||||||
Figuração | H | cruz | ||||||||||
Aspecto | H | florenciada | ||||||||||
Esmalte | H | em ouro | ||||||||||
Localização | H | acantonada de | ||||||||||
Número | H | 4 | quatro | |||||||||
Figuração | H | merletas | ||||||||||
Conectivo | H | quatro + mais outra | e | |||||||||
Número | H | 1 | mais outra | |||||||||
Localização | H | em ponta | ||||||||||
Número | H | todas | ||||||||||
Esmalte | H | do mesmo |
(próximo artigo nesta série IV/VI)
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