Sexta-feira, 11 de Novembro de 2011

“Quem vigia o vento não semeia” (JAM: 1947 - 2011)

José Augusto Mourão

 

O objectivo deste blogue é divulgar as investigações que venho levando a cabo há algum tempo sobre a semiótica das imagens, em particular a sua aplicação à heráldica primitiva. Estas pesquisas formalizaram-se há cerca de dois anos na tese intitulada: "A Marca de Portugal - Semântica Primitiva das Armas Nacionais e alguns dos seus Aspectos Sintácticos e Pragmáticos". Foi desenvolvida no âmbito do Mestrado em Design Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Tive a sorte de contar, para isto, com a inestimável orientação do Prof. Doutor José Manuel Bártolo, da Escola Superior de Artes e Design e do Prof. Doutor José Augusto Pizarro da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Presidiu ao júri o Prof. Doutor Engº Fernando Jorge Lino Alves, então director do MDI/FEUP, sendo arguente o Prof. Doutor Frei José Augusto Mourão, da Universidade Nova de Lisboa, falecido no passado cinco de Maio. A ele dedico este blogue, citando o seu título derradeiro, que ouso tomar igualmente para mim:  "Quem vigia o vento não semeia".

A dissertação esteve em regime confidencial, de modo a manterem-se as investigações com serenidade, confirmando, refutando ou aperfeiçoando algumas das propostas preliminares. Como sabemos, muitos dos primeiros selos reais portugueses trazem cinco conjuntos de onze besantes. Desfrutando o ensejo deste onze de Novembro de 2011, passo hoje a disponibilizar "A Marca de Portugal" para um público potencialmente mais vasto. O texto completo pode-se consultar aqui e anexo ainda, mais abaixo, o Resumo e o Índice.

 

Resumo

Os símbolos territoriais são uma componente fundamental da auto-estima dos povos. Herdados da heráldica medieval primitiva têm sido numerosíssimos os trabalhos objectivando a sua explicação. Esta linguagem visual, com interface idiomática no caso das modalidades falantes ou dos rébus, merecia ser explorada pela Semiótica Aplicada, dado ainda existir algum desacordo sobre o tratamento semântico da imagem.

A dissertação utiliza essas raízes heráldicas como domínio privilegiado da interacção entre a linguagem e a representação visual. Como aplicação mais importante pretende descobrir a intenção semântica primitiva das armas de Portugal, baseando-se no estudo analítico desse domínio.

Construiu-se um modelo matemático para avaliar a aceitação da semelhança fonética entre vocábulos, segundo uma variável nomeada parofonia. Formulou-se a seguir uma hipótese sobre a admissibilidade da parofonia no domínio investigado. De um universo amostral de 771 traços heráldicos europeus, simples e compostos, foi seleccionada uma amostra de 86 brasões, 72% deles incluídos em armoriais dos séculos XIII e XIV, usados como fontes para a colecta de dados. As amostras foram analisadas quantitativa e qualitativamente.

Foi possível aceitar a hipótese formulada, tanto na generalidade do domínio como no objecto específico de estudo. Definiu-se a organização semiótica do sistema e detectaram-se numerosos fenómenos de interacção entre 48 línguas europeias e as imagens heráldicas. Obtiveram-se ainda propostas inéditas de resolução parófona para a semântica das armas primitivas de Portugal e para todos os 86 brasões da amostra.

A tese aperfeiçoou significativamente a compreensão das componentes visuais e linguísticas na Heráldica europeia, de modo a tornar possível uma síntese organizativa. Potencializou-se a criação de novas estruturas de organização da marca de Portugal e ficou constituída uma plataforma de trabalho para a investigação posterior no campo da Semiótica aplicada ao Design.
Palavras-chave: Design, Heráldica, Semiótica, Linguística, Europa.

 

Índice

 Resumo 

 Abstract

 Prefácio 

 Lista de Figuras

 Lista de Tabelas 

 Siglas, Símbolos e Abreviaturas

 

1 Introdução 25

 1.1 Da Linguagem à Imagem 25

 1.1.1 A Escrita Medieval 25

 1.1.2 Antecedentes da Heráldica  27

 1.1.3 Origens e Evolução da Heráldica 29

 1.2 Organização da Dissertação  30

 

2 Estado da Arte 31

 2.1 Enquadramento 31

 2.2 Teorias e Crítica  32

 2.2.1 Escudetes e Besantes 32

 2.2.2 Cruz 35

 2.2.3 Escudo 37

 2.2.4 Carbúnculo  38

 2.2.5 Esmaltes  40

 2.2.6 Outros  40

 2.3 A Lenda de Ourique  41

 

3 Metodologia de Análise 45

 3.1 Enquadramento  45

 3.2 Hipótese 46

 3.2.1 Variáveis  46

 3.2.2 Medidores  47

 ____CARACTERIZAÇÃO DOS FENÓMENOS  48

 ____MODELO FONÉTICO 49

 ____ESTABELECIMENTO DO LIMIAR  51

 ____INDICAÇÕES PRÁTICAS  52

 3.2.3 Estabelecimento da Hipótese  54

 3.3 Procedimentos  55

 3.3.1 Amostragem  55

 3.3.2 Colecta e Análise dos Dados  57

 

4 Análise Sintáctica 59

 4.1 Enquadramento  59

 4.2 Análise  60

 4.2.1 Figuras e Formas  60

 4.2.2 Configuração e Orientação  61

 4.2.3 Dimensão e Substrato  63

 4.2.4 Planos  65

 4.2.5 Cor  66

 4.2.6 Posição  68

 4.2.7 Número  68

 4.2.8 Disposição  71

 4.3 Conclusões Preliminares  74

 

5 Análise dos Dados Amostrais 75

 5.1 Enquadramento 75

 5.2 Colecta de Dados  76

 5.3 Caracterização Amostral  78

 5.4 Análise Quantitativa  79

 5.4.1 Referente  79

 5.4.2 Denominante  83

 5.4.3 Designante  84

 5.4.4 Significante  85

 5.5 Análise Qualitativa  86

 5.5.1 Referente  87

 5.5.2 Designação Directa e Armas de Transmissão  87

 5.5.3 Metonímia do Referente  88

 5.5.4 Denominante  90

 5.5.5 Verbalização  90

 5.5.6 Acomodação  91

 ____CONJUNÇÃO  92

 ____ACRÉSCIMO  92

 ____SUPRESSÃO  92

 ____TRANSPOSIÇÃO  93

 ____TRANSFORMAÇÃO  93

 ____AFINIDADE 94

 5.5.7 Sematização  94

 ____COMPOSIÇÃO  95

 ____METONIMIZAÇÃO  96

 5.5.8 Designante  96

 ____BOTÂNICA  97

 ____ZOOLOGIA  97

 ____NOTORIEDADES  98

 ____ARQUITECTURA  98

 ____ASTRONOMIA  98

 ____METEOROLOGIA  98

 ____TOPONÍMIA  99

 ____MATERIAIS  99

 ____SINAIS  99

 ____OUTROS SUBSTANTIVOS  100

 ____GEOMETRIA  100

 ____COLORAÇÕES  100

 ____QUANTIDADES  102

 ____ACÇÕES  103

 5.5.9 Significante 103

 5.5.10 Traços Significantes  104

 ____NÚMERO  104

 ____ESMALTES  104

 ____FORROS  104

 ____LOCALIZAÇÕES  105

 ____DISPOSIÇÕES  105

 ____SEPARAÇÕES  105

 ____FIGURAÇÕES  106

 ____ATITUDES  107

 ____ORIENTAÇÃO  107

 5.5.11 Interacção  107

 5.5.12 Anomalias  108

 ____TROCA  109

 ____REDUÇÃO  110

 5.5.13 Complementação  111

 5.5.14 Transmigração 112

 5.6 Conclusões Preliminares  114

 

6 Resolução do Problema 117

 6.1 Enquadramento  117

 6.2 Paralelos Geográficos e Jurisdicionais  123

 6.3 Referentes e suas Metonímias  124

 6.4 Verbalizações, Acomodações e Sematizações  125

 6.4.1 Colimbria  125

 ____VERBALIZAÇÃO 125

 ____ACOMODAÇÃO  125

 ____SEMATIZAÇÃO  130

 6.4.2 Mondeci  131

 ____ACOMODAÇÃO  131

 ____SEMATIZAÇÃO  134

 6.4.3 Portucalis  134

 ____VERBALIZAÇÃO  134

 ____ACOMODAÇÃO  135

 ____SEMATIZAÇÃO  137

 6.5 Conclusões Preliminares  142

 

7 Pragmática e Justificações 145

 7.1 Enquadramento  145

 7.2 A Etimologia de Brasão  145

 7.3 Correlações Heráldicas  146

 7.4 A Lenda de Ourique  146

 7.5 Duas Estátuas de D. Afonso Henriques  148

 7.6 O Nome do Infante  149

 7.7 Os Morabitinos de D. Sancho I  150

 7.8 O Escudo de Santa Cruz de Coimbra  151

 7.9 Dois Documentos de Santa Cruz de Coimbra 151

 7.10 Os Selos Reais 153

 7.11 O Sistema de Medidas  153

 7.12 A Heráldica Familiar  154

 7.12.1 Sousa  154

 7.12.2 Bragança  155

 7.12.3 Maia  155

 7.12.4 Baião  156

 7.12.5 Riba Douro  156

 7.13 Afinidades Municipais  156

 7.13.1 Cidade do Porto  157

 7.13.2 Cidade de Guimarães  157

 7.13.3 Cidade de Coimbra  158

 7.13.4 Cidade de Lisboa  159

 7.14 As Alcunhas  159

 7.15 Os Pelourinhos  161

 7.16 A Torre de Belém  163

 

8 Conclusões 165
 

Lista de Referências 167

 A Universo Amostral 175

 B Brasões 195

 Índice Remissivo 209

 

 

D. Afonso Henriques

 

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Publicado por 5x11 - Carlos da Fonte às 11:11
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