O objectivo deste blogue é divulgar as investigações que venho levando a cabo há algum tempo sobre a semiótica das imagens, em particular a sua aplicação à heráldica primitiva. Estas pesquisas formalizaram-se há cerca de dois anos na tese intitulada: "A Marca de Portugal - Semântica Primitiva das Armas Nacionais e alguns dos seus Aspectos Sintácticos e Pragmáticos". Foi desenvolvida no âmbito do Mestrado em Design Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Tive a sorte de contar, para isto, com a inestimável orientação do Prof. Doutor José Manuel Bártolo, da Escola Superior de Artes e Design e do Prof. Doutor José Augusto Pizarro da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Presidiu ao júri o Prof. Doutor Engº Fernando Jorge Lino Alves, então director do MDI/FEUP, sendo arguente o Prof. Doutor Frei José Augusto Mourão, da Universidade Nova de Lisboa, falecido no passado cinco de Maio. A ele dedico este blogue, citando o seu título derradeiro, que ouso tomar igualmente para mim: "Quem vigia o vento não semeia".
A dissertação esteve em regime confidencial, de modo a manterem-se as investigações com serenidade, confirmando, refutando ou aperfeiçoando algumas das propostas preliminares. Como sabemos, muitos dos primeiros selos reais portugueses trazem cinco conjuntos de onze besantes. Desfrutando o ensejo deste onze de Novembro de 2011, passo hoje a disponibilizar "A Marca de Portugal" para um público potencialmente mais vasto. O texto completo pode-se consultar aqui e anexo ainda, mais abaixo, o Resumo e o Índice.
Os símbolos territoriais são uma componente fundamental da auto-estima dos povos. Herdados da heráldica medieval primitiva têm sido numerosíssimos os trabalhos objectivando a sua explicação. Esta linguagem visual, com interface idiomática no caso das modalidades falantes ou dos rébus, merecia ser explorada pela Semiótica Aplicada, dado ainda existir algum desacordo sobre o tratamento semântico da imagem.
A dissertação utiliza essas raízes heráldicas como domínio privilegiado da interacção entre a linguagem e a representação visual. Como aplicação mais importante pretende descobrir a intenção semântica primitiva das armas de Portugal, baseando-se no estudo analítico desse domínio.
Construiu-se um modelo matemático para avaliar a aceitação da semelhança fonética entre vocábulos, segundo uma variável nomeada parofonia. Formulou-se a seguir uma hipótese sobre a admissibilidade da parofonia no domínio investigado. De um universo amostral de 771 traços heráldicos europeus, simples e compostos, foi seleccionada uma amostra de 86 brasões, 72% deles incluídos em armoriais dos séculos XIII e XIV, usados como fontes para a colecta de dados. As amostras foram analisadas quantitativa e qualitativamente.
Foi possível aceitar a hipótese formulada, tanto na generalidade do domínio como no objecto específico de estudo. Definiu-se a organização semiótica do sistema e detectaram-se numerosos fenómenos de interacção entre 48 línguas europeias e as imagens heráldicas. Obtiveram-se ainda propostas inéditas de resolução parófona para a semântica das armas primitivas de Portugal e para todos os 86 brasões da amostra.
A tese aperfeiçoou significativamente a compreensão das componentes visuais e linguísticas na Heráldica europeia, de modo a tornar possível uma síntese organizativa. Potencializou-se a criação de novas estruturas de organização da marca de Portugal e ficou constituída uma plataforma de trabalho para a investigação posterior no campo da Semiótica aplicada ao Design.
Palavras-chave: Design, Heráldica, Semiótica, Linguística, Europa.
Índice
Resumo
Abstract
Prefácio
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Siglas, Símbolos e Abreviaturas
1 Introdução 25
1.1 Da Linguagem à Imagem 25
1.1.1 A Escrita Medieval 25
1.1.2 Antecedentes da Heráldica 27
1.1.3 Origens e Evolução da Heráldica 29
1.2 Organização da Dissertação 30
2 Estado da Arte 31
2.1 Enquadramento 31
2.2 Teorias e Crítica 32
2.2.1 Escudetes e Besantes 32
2.2.2 Cruz 35
2.2.3 Escudo 37
2.2.4 Carbúnculo 38
2.2.5 Esmaltes 40
2.2.6 Outros 40
2.3 A Lenda de Ourique 41
3 Metodologia de Análise 45
3.1 Enquadramento 45
3.2 Hipótese 46
3.2.1 Variáveis 46
3.2.2 Medidores 47
____CARACTERIZAÇÃO DOS FENÓMENOS 48
____MODELO FONÉTICO 49
____ESTABELECIMENTO DO LIMIAR 51
____INDICAÇÕES PRÁTICAS 52
3.2.3 Estabelecimento da Hipótese 54
3.3 Procedimentos 55
3.3.1 Amostragem 55
3.3.2 Colecta e Análise dos Dados 57
4 Análise Sintáctica 59
4.1 Enquadramento 59
4.2 Análise 60
4.2.1 Figuras e Formas 60
4.2.2 Configuração e Orientação 61
4.2.3 Dimensão e Substrato 63
4.2.4 Planos 65
4.2.5 Cor 66
4.2.6 Posição 68
4.2.7 Número 68
4.2.8 Disposição 71
4.3 Conclusões Preliminares 74
5 Análise dos Dados Amostrais 75
5.1 Enquadramento 75
5.2 Colecta de Dados 76
5.3 Caracterização Amostral 78
5.4 Análise Quantitativa 79
5.4.1 Referente 79
5.4.2 Denominante 83
5.4.3 Designante 84
5.4.4 Significante 85
5.5 Análise Qualitativa 86
5.5.1 Referente 87
5.5.2 Designação Directa e Armas de Transmissão 87
5.5.3 Metonímia do Referente 88
5.5.4 Denominante 90
5.5.5 Verbalização 90
5.5.6 Acomodação 91
____CONJUNÇÃO 92
____ACRÉSCIMO 92
____SUPRESSÃO 92
____TRANSPOSIÇÃO 93
____TRANSFORMAÇÃO 93
____AFINIDADE 94
5.5.7 Sematização 94
____COMPOSIÇÃO 95
____METONIMIZAÇÃO 96
5.5.8 Designante 96
____BOTÂNICA 97
____ZOOLOGIA 97
____NOTORIEDADES 98
____ARQUITECTURA 98
____ASTRONOMIA 98
____METEOROLOGIA 98
____TOPONÍMIA 99
____MATERIAIS 99
____SINAIS 99
____OUTROS SUBSTANTIVOS 100
____GEOMETRIA 100
____COLORAÇÕES 100
____QUANTIDADES 102
____ACÇÕES 103
5.5.9 Significante 103
5.5.10 Traços Significantes 104
____NÚMERO 104
____ESMALTES 104
____FORROS 104
____LOCALIZAÇÕES 105
____DISPOSIÇÕES 105
____SEPARAÇÕES 105
____FIGURAÇÕES 106
____ATITUDES 107
____ORIENTAÇÃO 107
5.5.11 Interacção 107
5.5.12 Anomalias 108
____TROCA 109
____REDUÇÃO 110
5.5.13 Complementação 111
5.5.14 Transmigração 112
5.6 Conclusões Preliminares 114
6 Resolução do Problema 117
6.1 Enquadramento 117
6.2 Paralelos Geográficos e Jurisdicionais 123
6.3 Referentes e suas Metonímias 124
6.4 Verbalizações, Acomodações e Sematizações 125
6.4.1 Colimbria 125
____VERBALIZAÇÃO 125
____ACOMODAÇÃO 125
____SEMATIZAÇÃO 130
6.4.2 Mondeci 131
____ACOMODAÇÃO 131
____SEMATIZAÇÃO 134
6.4.3 Portucalis 134
____VERBALIZAÇÃO 134
____ACOMODAÇÃO 135
____SEMATIZAÇÃO 137
6.5 Conclusões Preliminares 142
7 Pragmática e Justificações 145
7.1 Enquadramento 145
7.2 A Etimologia de Brasão 145
7.3 Correlações Heráldicas 146
7.4 A Lenda de Ourique 146
7.5 Duas Estátuas de D. Afonso Henriques 148
7.6 O Nome do Infante 149
7.7 Os Morabitinos de D. Sancho I 150
7.8 O Escudo de Santa Cruz de Coimbra 151
7.9 Dois Documentos de Santa Cruz de Coimbra 151
7.10 Os Selos Reais 153
7.11 O Sistema de Medidas 153
7.12 A Heráldica Familiar 154
7.12.1 Sousa 154
7.12.2 Bragança 155
7.12.3 Maia 155
7.12.4 Baião 156
7.12.5 Riba Douro 156
7.13 Afinidades Municipais 156
7.13.1 Cidade do Porto 157
7.13.2 Cidade de Guimarães 157
7.13.3 Cidade de Coimbra 158
7.13.4 Cidade de Lisboa 159
7.14 As Alcunhas 159
7.15 Os Pelourinhos 161
7.16 A Torre de Belém 163
8 Conclusões 165
Lista de Referências 167
A Universo Amostral 175
B Brasões 195
Índice Remissivo 209