Com o intuito de facilitar e difundir o uso da parofonia heráldica, desenvolvemos um método que, sem condicionar a curiosidade e autonomia de cada investigador, permite oferecer um mínimo de segurança aos neófitos. Uma das características da metodologia parofónica é a reprodutibilidade, ou seja, é possível a outros encontrar - independentemente - qualquer dos resultados que propusemos, desde que se sigam os mesmos procedimentos básicos e universais recomendados na metodologia e na exemplificação.
Imaginámos, assim, um método simples para a cifragem de cada proposta parofónica e pomo-lo à disposição dos que tenham algum interesse no trabalho que vimos a desenvolver. Para os que empreendam a descoberta desta - por vezes difícil - arte, é possível agora verificar se as associações de palavras encontradas correspondem àquelas que nós próprios achámos ou, em alternativa, tratam-se de soluções distintas. Assegura-se também, em cada caso, a prioridade das nossas proposições, já que a cifragem identifica-as com suficiente rigor, ainda que não se declarem explicitamente. Clique esta ligação para a folha-de-cálculo que simplifica o cálculo.
Ilustramos a seguir todo o procedimento em cinco etapas, aplicando-o à parofonia Jerusalem ~ Je ruse la haine.
a) Atribui-se a cada letra o número correspondente à sua ordenação alfabética, tanto para o denominante [Jérusalem] como para o designante [Je ruse la haine], independentemente de sinais e acentuações, como segue:
a = 1, b = 2, c = 3, d = 4, e = 5, f = 6, g = 7, h = 8, i = 9, j = 10, k = 11, l = 12, m = 13, n = 14, o = 15, p = 16, q = 17, r = 18, s = 19, t = 20, u = 21, v = 22, w = 23, x = 24, y = 25, z = 26.
[ J = 10, e = 5, r = 18, u = 21, s = 19, a = 1, l = 12, e = 5, m = 13]
[ J = 10, e = 5, r = 18, u = 21, s = 19, e = 5, l = 12, a = 1, h = 8, a = 1, i = 9, n = 14, e = 5 ]
b) Determina-se o número correspondente à ordem de ocorrência de cada letra no denominante e no designante.
[ J = 1, e = 2, r = 3, u = 4, s = 5, a = 6, l = 7, e = 8, m = 9 ]
[ J = 1, e = 2, r = 3, u = 4, s = 5, e = 6, l = 7, a = 8, h = 9, a = 10, i = 11, n = 12, e = 13 ]
c) Multiplica-se cada um dos números de ordem alfabética, encontrados em (a), por cada número de ordem das respectivas ocorrências, encontrados em (b).
[ J = 1 × 10 = 10, e = 2 × 5 = 10, r = 3 × 18 = 54, u = 4 × 21 = 84, s = 5 × 19 = 95, a = 6 × 1 = 6, l = 7 × 12 = 84, e = 8 × 5 = 40, m = 9 × 13 = 117 ]
[J = 1 × 10 = 10, e = 2 × 5 = 10, r = 3 × 18 = 54, u = 4 × 21 = 84, s = 5 × 19 = 95, e = 6 × 5 = 30, l = 7 × 12 = 84, a = 8 × 1 = 8, h = 9 × 8 = 72, a = 10 × 1 = 10, i = 11 × 9 = 99, n = 12 × 14 = 188, e = 13 × 5 = 65 ]
d) Somam-se os resultados de cada uma destas duas séries de produtos.
[ 10 + 10 + 54 + 84 + 95 + 6 + 84 + 40 + 117 = 500 ]
[ 10 + 10 + 54 + 84 + 95 + 30 + 84 + 8 + 72 +10 + 99 +168 + 65 = 789 ]
e) Finalmente, as duas somas devem ser subtraídas uma da outra, de modo a obter-se um número positivo, encontrando-se assim a cifra desejada.
[ 789 - 500 = 289 ]
Cifra: 289.
Notar que:
i) O que se deve cifrar não é a transcrição fonética mas a representação literal do denominante e do designante.
ii) As acentuações, cedilhas, apóstrofes, hífenes e outros sinais gráficos, bem como as lacunas entre palavras, não se consideram.
iii) Os nomes compostos ou com afixos, tanto no denominante como no designante, podem prescindir de explicitar um ou mais componentes como em Martinho (de São Martinho), negro (de Montenegro), longo (de Vila Longa). Mais raramente, em especial com hagiónimos, pode dar-se o fenómeno oposto, ou seja, o acréscimo de um elemento como em São Lucas (de Lucas).
iv) As ligaturas como æ, œ, etc. desdobram-se em ae, oe, etc.
v) As abreviaturas entendem-se como escritas sem pontos ou sobreposições, como no caso de Sequana ~ Sequen(ti)ª emparelhando-se em S/S, e/e, q/q, u/u, a/e, n/n, a/a.
vi) Os símbolos numéricos como V (5), R (40) ou j (1), valerão pela sua forma literal.
vii) Sinais especiais como 9 (con) ou & (et) valem pelo seu desdobramento literal ou poderão ser associadas a outras formas simbólicas adequadas ao contexto heráldico, também estas a desdobrar.
viii) Quando um mesmo elemento heráldico (timbre ou escudo) apresenta mais de um nível semântico a cifragem correspondente a cada um deles notar-se-á por Cifra (I), Cifra (II), etc.
Poderão encontrar a aplicação destas cifras na nossa série de timbres da armaria portuguesa que iniciámos há poucos dias neste blogue.
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