De acordo com a nossa aproximação metodológica, informamos o desenvolvimento de uma proposta semântica inédita para o nível falante das armas de Guernsey: “de vermelho, três leopardos de ouro, armados e lampassados de azul”.
Nível semântico: falante.
Verbalização denominante: inglês.
Verbalização designante: inglês.
Enredo falante: etológico.
Sintaxe falante: artigo + substantivo + verbo + substantivo.
Traço falante: escudo » aspecto e coloração » lampassados de azul.
Número de caracteres: 8 ~ 15.
Ataque primário: 0.
Cifra: 863.
Credibilidade: excelente.
Dificuldade: difícil.
Veja a nossa metodologia
A representação escolhida para o segundo nível semântico - a cruz principal - provavelmente foi o primeiro elemento a aparecer nestas armas, não uma cruz potenteia mas uma cruz simples, fosse ela firmada ou solta. Na verdade não sabemos muito sobre sinais similares que se usassem numa alusão cristã à Cidade Santa em época proto-heráldica. É bem possível que cruzes estivessem incluídas nessa ilustração eventual mas duvidamos que a parofonia pudesse desempenhar ali qualquer papel, pelo menos na forma descrita abaixo. Talvez Jesus e os quatro Evangelistas ou as Cinco Chagas do Senhor pudessem explicá-las com outra fundamentação; de facto são apontadas frequentemente como motivos credíveis para as armas que estudamos.
O significado constrói-se a partir da parofonia: Jérusalem (fra. Jerusalém) ~ Je ruse la haine (fra. Eu afasto o ódio). A denotação de ruser/reuser mudou ao longo dos anos. Hoje significa “iludir” ou “enganar” mas naquela época e ambientação, ruse deveria ser interpretado como “repilo”, “rechaço” ou “afasto”. Ademais, a intransitividade de ruse não permite, tanto quanto saibamos, Je ruse a la haine e o carácter aspirado do “h” inicial, impede Je ruse l'haine.
A etapa de especificação (E) define uma nova tipologia. Desta vez não se apresentam substantivos, acções, quantidades ou qualidades isoladas mas uma frase a traduzir-se visualmente como um todo. Funciona como uma citação ou, tendo em conta a ambientação exequial já estabelecida em Ézéchias ~ Exequies, como um epitáfio. De momento classificaremos este género de especificação em “outros”, aguardando por mais ocorrências que fundamentem uma classe própria.
Finalmente estamos em condições de apresentar um exemplo da transposição de fonemas durante a acomodação (A); inclui-se no emparelhamento de [ZeryzalEm] ~ [Z@R\yzlaEn]. Trata-se de uma importantíssima ferramenta parofónica, dando liberdade ao autor de usar apenas sons idênticos ou similares que trocam de lugar no vocábulo sempre que estritamente necessário. Note-se que para fins de cálculo procederemos de início à transposição [al] ~ [la] com a sua penalidade associada, o coeficiente de transposição t = 1. Aplicamos depois todas as penalizações restantes, ou seja, as modificações qualitativas nos fonemas, com os seus coeficientes de carácter c, de acordo com os respectivos posicionamentos no interior da palavra, medidos pelos coeficientes de posição p.
As discrepâncias entre os fonemas [e ~ @], [r ~ R\] e [m ~ n] são relativamente ligeiras e talvez não possam ser justificadas com o índice de discrição resultante, que se eleva a k = 0,50. Enquanto a modelização não substituir esta medida por outra mais eficaz devemos sujeitar-nos a tais desvios. O estabelecimento das penalidades é grosseiro e quase arbitrário mas a sua associação propicia um efeito dicotómico conveniente para auxiliar a nossa tarefa.
Preparamo-nos agora para responder à pergunta - Quem é o defunto? Como todo o ser humano eventualmente morre, buscaremos alguém cuja morte tenha sido relevante para a história ou para a tradição, de tal modo que pudesse ser lembrado pelos cruzados ou por quem quer que contemplasse as armas dos Reis de Jerusalém. Carece ainda recordar aqui o fenómeno da sublimação, onde só a representação de maior estatuto aufere o significado. Isto acontece com o vago felino de Katzenelnbogen, tempestivamente transformado num feroz leão. Procuramos, portanto, uma individualidade assinalável.
Jerusalém deve estar envolvida de algum modo nas “exéquias” e a referida personalidade não opor-se-á ao lado cristão, já que inexistem motivações visuais no brasão que suponham o contrário. Poderá parecer uma incongruência heráldica mas exemplificamos com as armas de Portugal: os escudetes dispostos em cruz são entendidos de hábito como cinco inimigos, reis Mouros derrotados por D. Afonso Henriques. Resta dizer que o resultado visual deste segundo nível necessita combinar satisfatoriamente com o primeiro nível: um túmulo em pedra.
Em relação ao nível semântico actual, Je (fra. Eu) poderia personificar a pessoa falecida ou o próprio escudo a título de individualidade falante, como o que se viu em Danubius ~ Da nubis. É bem claro para nós que a segunda opção é inviável aqui. Daí que a frase em questão representasse, no pior dos casos, alguém que se soubesse ter reproduzido em vida o significado de Je ruse la haine. Mais adequadamente ao nosso enredo, a expressão precisa estar associada com a sua sepultura por meio de um epitáfio irreal mas plausível, a resumir os incidentes de toda uma existência.
Observamos uma oposição implícita em Je ruse la haine onde o ódio é confrontado por algo que se interpreta como o seu oposto, o amor, que por sua vez incorpora-se em alguém ainda desconhecido. Contudo, esta oposição não surge explicitamente nos traços heráldicos (H). Como resultado, o conjunto de associações {exéquias, Jerusalém, cristão, eminente, sepultura, epitáfio, oposto ao ódio} produziria apenas uma pessoa: Jesus Cristo. De facto, os Evangelhos sublinham a importância deste conceito em Jo 13, 34: “Dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros. Assim como Eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros”.
Observe-se que não foi necessário aplicar o forte poder identificativo da cruz em todo o raciocínio. Por seu lado, os autores das armas não tinham qualquer obrigação heráldica de adoptarem uma cruz na sua simbologia, tratando-se de uma mera consequência parofónica. Isto não implica a sua dispensa como indício por nós interpretantes, que dependemos do caminho inverso ao da criação. Entretanto, a nossa abordagem de cariz oportunamente didáctico servirá para mais situações.
As metonímias emergem para admitir a conversão da nossa frase inspiradora numa cruz. Não é tão simples como possa parecer, a despeito de todos os argumentos que já avançámos. Em lugar da confusa reunião de conceitos vista mais acima, necessitamos agora de uma sequência ordenada de ideias que irão fixar a estrutura de sematização (S) de modo seguro. Apenas termos inequívocos, como o numeral gerado por Seint ~ Cinc, estão habilitados a prover uma transcrição imediata em traços heráldicos; não é o caso aqui.
Jesus era visto como o Cordeiro de Deus sem pecado, sacrificado na cruz pelo amor dos homens. Encontramos a convergência numa cruz heráldica através da composição de duas metonímias que incluem as ideias opostas de amor e ódio, respectivamente implícito e explícito em Je ruse la haine:
Jesus > amor > morrer > sacrifício > cruz
pecado > ódio > matar > punição > cruz
Uma outra metonímia composta e convergente irá relacionar-se com o primeiro nível semântico, estabelecendo uma ligação entre as duas etapas. Principia com a temática anterior, as exéquias e o túmulo, ocupando-se então com a substituição do designante na forma de um epitáfio - Je ruse la haine - por fim simbolizado pela cruz; alegoria corrente nas lápides cristãs. Em simultâneo vemos a cruz contígua a Jesus, uma associação cultural indiscutível. Pareceria quase redundante referi-lo mas devemos consciencializar-nos de que esta metonímia é específica à representação do próprio Cristo nas armas de Jerusalém e não uma alusão genérica ao túmulo de um cristão:
exéquias > túmulo > epitáfio > cruz
Jesus > cruz
Abordaremos agora as representatividades complementares destes símbolos e dos seus supostos fundamentos. As acepções encontradas entram em conflito com a luta dos cruzados? Primeiro de tudo, não sabemos exactamente quando as armas nasceram, de modo que pudéssemos detectar todas as fontes específicas de inspiração. Mas é verdade que a guerra, defensiva ou agressiva, acompanhada pela violência, foi uma circunstância constante na efémera vida do Reino. Como poderiam os cruzados reconciliar isto com os ensinamentos pacíficos do Nazareno?
Os aspectos incidentalmente religiosos desta génese heráldica não nos podem desorientar; eles representam os responsáveis políticos de Jerusalém mas por mero acaso. Para mais, a guerra medieval era amplamente aceite e entendida como uma necessidade e mesmo um dever para os cristãos, incluindo-se aí a Santa Sé. Neste contexto, ruse (fra. afasto) poderia ser concebido ainda como o combate ou o banimento dos inimigos dos Reis de Jerusalém, hostis portanto a qualquer cristão. O conflito com a nossa proposta para a expressão parofónica apenas mostra que a concepção e a evolução do significado são duas coisas distintas, nem sempre permeáveis entre si em todos os aspectos.
Além disso, o verbo está no tempo presente - Eu afasto o ódio - conotando a ressurreição e a vida eterna de Cristo. Também não contradiz a nossa afirmação anterior referente à manutenção da Sua condição de morto no enredo heráldico. Referíamo-nos então à directa sugestão parofónica de todos os traços visuais. Obviamente, uma infinidade de conotações e desenvolvimentos semânticos são possíveis a partir dali. Mas alguns deles, que nos sentimos obrigados a citar, são mais adequados e imediatos do que os demais.
Empregamos uma cruz grega em vez de uma cruz firmada na nossa exemplificação figurativa porque é a melhor maneira de mostrar a evolução conjectural dos sinais exibidos pelos Reis de Jerusalém. À partida não há nenhuma razão especial para acreditar que a cruz firmada pudesse ter um significado distinto da cruz grega. A primeira aparece efectivamente em armoriais durante um período em que as composições geométricas eram preferidas pela heráldica. A cruz firmada é mais simples e seria por certo uma escolha permanente se outros constituintes não afectassem a seguir a sua forma. Esta peça fundamental deverá ter actuado como um símbolo de Cristo e não como um artefacto, manifestamente durante os primeiros anos. Conheceremos ainda um segundo entendimento da cruz também usada pelos Reis de Chipre, que favoreceram uma figuração solta.
Inspirações viáveis e inclusivas de um tipo diferente poderiam ser a cópia da Vera Cruz desenhada sob a forma de uma cruz latina ou a imitar a tampa de uma sepultura. Esta última seria quase necessariamente afectada pela lápide do Santo Sepulcro, que já se dizia estar em más condições já no século XI. Presumimos que a laje original foi substituída ou oculta na sequência das modificações realizadas na edícula.
Os traços complementares (C) governam as características que não se justificam por quaisquer proposições semânticas. Para a cruz principal vemos a incidência ordinária da centralidade no abismo bem como a orientação horizontal e vertical ou a simetria radial que são imanências da cruz em grau diverso. A largura dos braços também sofre o efeito de traços complementares. Além da natural conservação da espessura ao longo das quatro hastes, as proporções relativas devem ser suficientes para admitir, por exemplo, algumas cruzetas no espaço restante. Haverá mais comentários a fazer sobre a interferência mútua dos níveis semânticos, mas serão tratados noutros artigos mais adequados a cada caso.
Reis de Jerusalém (II) | ||||||||||||
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Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Domínio | R | Reis de Jerusalém | ||||||||||
Territorial | M | Jerusalém | ||||||||||
Língua de Conquista | V | Francês | ||||||||||
Denominante | A | Jérusalem | ||||||||||
Grafemização | A | J | E | R | U | S | A | L | E | M | ||||||||||
Fonemização denominante | A | Z | e | r | y | z | a | l | E | m | ||||||||||
Emparelhamento | A | Z | e | r | y | z | a | l | E | m | ||||||||||
A | Z | @ | R\ | y | z | l | a | E | n | |||||||||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 1,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de carácter | A | 0,0 | 0,5 | 0,5 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,5 | ||||||||||
Coeficiente de posição | A | 0,0 | 1,0 | 1,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,5 | ||||||||||
Parcelas | A | 0,0 | 0,5 | 0,5 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,3 | ||||||||||
Índice de discrição | A | k = 0,50 | ||||||||||
Fonemização designante | A | Z | @ | R\ | y | z | l | a | E | n | ||||||||||
Grafemização | A | J | E | | R | U | S | E | | L | A | | H | A | I | N | E | ||||||||||
Designante | A | je ruse la haine | ||||||||||
Outros | E | Eu afasto o ódio | ||||||||||
Monossemia simples | S | cruz | ||||||||||
S | je ruse la haine | |||||||||||
Esmalte | H | De prata | ||||||||||
Número | H | 1 | uma | |||||||||
Metonímia convergente | S | exéquias > túmulo > epitáfio > cruz | ||||||||||
S | Jesus > cruz | |||||||||||
Metonímia convergente | S | Jesus > amor > morrer > sacrifício > cruz | ||||||||||
S | pecado > ódio > matar > punição > cruz | |||||||||||
Figuração | H | Jesus | cruz | |||||||||
Simetria | C | radial | ||||||||||
Orientação | C | imanência | ||||||||||
Centralidade | C | abismo | ||||||||||
Aspecto | H | potenteia | ||||||||||
Esmalte | H | de ouro | ||||||||||
Localização | H | entre | ||||||||||
Número | H | quatro | ||||||||||
Figuração | H | cruzetas | ||||||||||
Esmalte | H | do mesmo |
(próximo artigo nesta série III/XII)
Terminamos o estudo pelo primeiro nível semântico por expor-se melhor nesta ordem a organização das armas de Sagremor. Isso não quer dizer que o autor do brasão tenha adoptado uma qualquer sequência predeterminada; pelo contrário, deve ter ensaiado várias possibilidades antes de dar o trabalho por findo. A parofonia é descrita por Ungaria (lat. Hungria) ~ Ungo (lat. unto) area (lat. área), talvez a mais evidente de todas, dado o cognome aposto a Sagremor: o Húngaro. Os seus resultados visuais, muito singelos, diríamos quase exigirem outros componentes que viessem a preencher a excessiva simplicidade de um escudo pleno em vermelho. Convém acrescentar que como nos antecedentes, mantém-se a razoabilidade de um índice de discrição baixo: k = 0,25 e que ao estimar este indicador recorremos à ditongação de oa em ungo area, a emparelhar com Ungaria para alterar-se em Ungoarea.
O tema da parofonia parece afastar-se dos hábitos adquiridos em Aquincenses ~ Ac quini sentes e em Danubius ~ Da nubis ao compor indirectamente o “céu” suposto no pano de fundo das estrelas e da nuvem. Este afastamento é verdadeiro quanto ao modo de sematização da parofonia mas não quanto à representação em si mesma. É perfeitamente possível um céu vermelho à tarde ou pela manhã, admitindo ainda nestas ocasiões a visibilidade da nuvem e das estrelas ou dos planetas mais brilhantes. Contudo, ungo vai aplicar-se primariamente sobre a superfície do escudo especificada em area e apenas depois sobre os céus, como consequência natural do conjunto imagético que se pressupõe coerente. A sematização estabelece a metonímia: área > campo > campo do escudo > escudo. Encontramos um paralelo da unção dos escudos neste trecho do Segundo Livro de Samuel: “... O escudo de Saul não foi ungido com óleo, mas com o sangue dos feridos e a gordura dos guerreiros ...”[1]. Tal como nos escudos medievais feitos de madeira e recobertos de couro a boa manutenção exigia uma protecção periódica. Não será, todavia, o óleo a colorir o artefacto de defesa usado por Sagremor, mas a ideia implícita de que era feito ou recoberto de couro, logo avermelhado ou acastanhado, colorações passíveis de inspirar o esmalte vermelho na representação do escudo heráldico.
A conjugação cromática aparenta ser arbitrária mas as dúvidas desvanecem-se ao examinarmos em pormenor a análise já efectuada. A seleccionarem-se convenientemente cores naturais, as estrelas fora do cantão serão amarelas, brancas ou azuis. Do mesmo modo a nuvem poderia ser branca ou negra, enquanto que o escudo de couro tratado pelo tanino apenas admitiria o vermelho. Quanto à estrela encoberta consentiria o negro ou eventualmente o branco, como “descoloração” do outro esmalte estelar que representasse a luz. Ficamos com as seguintes possibilidades, dispondo as cores pela ordem: estrelas, campo, cantão, estrela do cantão.
Azul + Vermelho + Negro + Prata (não)
Azul + Vermelho + Negro + Negro (não)
Azul + Vermelho + Prata + Prata (não)
Azul + Vermelho + Prata + Negro (não)
Ouro + Vermelho + Negro + Prata (não)
Ouro + Vermelho + Negro + Negro (não)
Ouro + Vermelho + Prata + Prata (não)
Ouro + Vermelho + Prata + Negro (sim)
Prata + Vermelho + Negro + Prata (não)
Prata + Vermelho + Negro + Negro (não)
Prata + Vermelho + Prata + Prata (não)
Prata + Vermelho + Prata + Negro (sim)
É possível observar que das doze hipóteses apenas duas são inteiramente admissíveis. Grande parte das opções é rejeitada pela aplicação da lei dos contrastes. Duas estarão no limite da admissibilidade ao incluir uma nuvem negra, que estimamos não fosse de primeira escolha, além de figurar o esmalte vermelho vizinho ao negro, apesar de por vezes encontrarem-se juntos na heráldica. Finalmente, restam dois arranjos bem-sucedidos dos quais um repete o esmalte do par de estrelas iguais na nuvem, proposta mais pobre do que a oitava combinação, coincidente com a escolha do brasão de Sagremor, o que não nos surpreende.
Poderíamos ser tentados a associar ungo com a unção das sagrações reais, por Sagremor descender do rei da Hungria e da filha do imperador de Constantinopla. Ainda assim, a experiência nos aconselha a não confundir os planos semânticos da parofonia com os planos estritamente biográficos, não se exceptuando os fantasiosos. A obtenção do desenho está isolada de outros relacionamentos que não os estabelecidos pela metonimização do referente. Mesmo dando-se o caso da possibilidade de escolha entre vários traços heráldicos, temos observado a preferência de acompanhamento dos estilos visuais de cada época, ao invés de escolhas baseadas no percurso particular do representado. Tal porém já não acontece nas armas alusivas.
Apesar disso considerou-se o próprio nome de Sagremor, com uma solução do tipo Sagremor ~ Sacre (fra. sagração) en or (fra. em ouro), seguindo-se contudo os procedimentos habituais. Assim a unção, ao menos desta vez, ligar-se-ia à entronização dos seus ascendentes e imaginaríamos as estrelas como manchas de óleo sobre as vestes régias em vermelho, cor já usada nas cerimónias medievais. O componente en or diria respeito aos utensílios necessários à guarda e aplicação do óleo, também referenciáveis pela história. Esta solução entra em conflito com o plano semântico apresentado anteriormente, que favorece ungo na forma de acção utilitária. Para mais, teríamos de explicar o cantão e a estrela negra, dificuldade de resolução improvável. Preferimos imaginar aqui uma possível interpretação textual, redundante com o que já se propôs, mas de nenhum modo ligada à proposta semântica visual. Resta-nos aguardar por outros estudos sobre os Cavaleiros da Távola Redonda para decidir sobre a existência de algum padrão comum quanto ao uso da antroponímia dos armigerados.
[1] 2 Sm 1, 21-22.
Sagremor - Armas de Fantasia (I) | ||||||||||||
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Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Fantasia | R | Sagremor | ||||||||||
Território | M | Hungria | ||||||||||
Língua de Fantasia | V | Ungaria (latim) | ||||||||||
Denominante | A | Ungaria | ||||||||||
Grafemização | A | U | N | G | A | R | I | A | ||||||||||
Fonemização denominante | A | u | N | G | a | 4 | i | a | ||||||||||
Emparelhamento | A | u | N | G | a | 4 | i | a | ||||||||||
A | u | N | G | oa | 4 | e | a | |||||||||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de carácter | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,5 | 0,0 | 0,5 | 0,0 | ||||||||||
Coeficiente de posição | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 1,0 | 0,0 | 1,0 | 0,0 | ||||||||||
Parcelas | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,5 | 0,0 | 0,5 | 0,0 | ||||||||||
Índice de discrição | A | k = 0,25 | ||||||||||
Fonemização designante | A | u | N | G | o | | a | 4 | e | a | ||||||||||
Grafemização | A | U | N | G | O | | A | R | E | A | ||||||||||
Designante | A | ungo | area | ||||||||||
Acção + Geometria | E | unto + área | ||||||||||
Monossemia simples | S | vermelho | ||||||||||
S | unto o escudo | |||||||||||
Metonímia simples | S | área > campo > campo do escudo > escudo | ||||||||||
Esmalte | H | avermelhado | De vermelho | |||||||||
Imanência | C | couro | ||||||||||
Contraste | C | ouro, prata | ||||||||||
Número | H | um | ||||||||||
Separação | H | cantão | ||||||||||
Esmalte | H | de prata | ||||||||||
Conectivo | H | e | ||||||||||
Número | H | três | ||||||||||
Figuração | H | estrelas de cinco pontas | ||||||||||
Número | H | duas | ||||||||||
Esmalte | H | de ouro | ||||||||||
Conectivo | H | e | ||||||||||
Número | H | uma | ||||||||||
Esmalte | H | de negro | ||||||||||
Localização | H | no cantão |
(próxima análise neste blog aqui)
Está no Armorial Wijnbergen, documento francês de fins do século XIII[1]. Parece consensual que é falante, mas nunca nos pareceu justificar-se com suficiência o porquê. A razão deve estar ligada ao esplendor da representação solar no centro do escudo, devidamente acompanhada pelos dezasseis raios da praxe heráldica[2]. Isso condicionaria a lógica semântica para a interpretação Salerno ~ Solerno, deixando como de hábito, o restante, tanto a sufixação rno como o fundo prateado, por expor. Poderíamos imaginar uma conexão ao domínio regional dos Hohenstaufen e ao mesmo esmalte do campo no seu escudo, mas não nos lembramos de alguém tê-lo suposto. Como é frequente nestes casos, é possível que se tenha apenas dado atenção aos elementos visuais inteligíveis de imediato.
Tentámos um esclarecimento mais completo no decorrer da tese, mas só agora foi possível chegar a resultados razoáveis o suficiente para defender. Na sucinta análise de então tínhamos optado pela parofonia, hoje abandonada, Salerno ~ Sole (ita. Sol) + ernia (ita. hérnia), com várias incongruências. A primeira refere-se à língua verbalizante, pela adopção do italiano Sole. Apesar do Armorial Wijnbergen ser o primeiro documento em que aparecem, não se garante que fosse ele a representação original destas armas de fantasia; em caso afirmativo optaríamos pelo francês ou pelo latim. Ademais não existem armoriais italianos anteriores nem sequer contemporâneos àquele, pelo que seria difícil aceitar o uso de uma das muitas variantes linguísticas medievais peninsulares. Também a integração semântica entre o “sol” e a “hérnia” é deficiente, apesar de justificarem a associação visual. Quanto ao insólito do “sol herniado”, isso não seria de modo nenhum um obstáculo. Na própria tese pudemos testemunhar na classe das armas reconhecidamente falantes um híbrido animal de cabra e galo, umas mãos cortadas pairando sobre um castelo e três espelhos gigantescos cravados em outras tantas montanhas[3]. Deixámo-nos por certo influenciar pelas interpretações convencionais já conhecidas, dando lugar de relevo ao Sol, forçando por isso uma transformação Sale/Sole. A elucidação do restante da parofonia, rno, é irremediavelmente prejudicada pelos mesmos motivos anteriores. Resta observar que igualmente ficou por explicar o esmalte branco ou prata do escudo.
O denominante agora usado, Salernum (lat. Salerno) é o nome da cidade e eventualmente o do respectivo território, que se presume ser o Principado apesar da integração factual ao Reino da Sicília e à menção no armorial a um fantástico, como de esperar, Rei de Salerno. Mais uma vez o latim aparece como língua de verbalização, consequentemente de fantasia, como em Portucalis ~ Porta cales. Não sabemos dizer se foi “escolhida” na qualidade de língua culta ou por uma natural associação ao território latino da Campânia.
No que diz respeito ao designante, Sal eremum, trata-se de uma polissemia composta porque os dois constituintes textuais irão gerar, mesmo se implicitamente, mais do que dois traços heráldicos. As traduções literais e isoladas de cada termo, sal e ermo ou deserto, podem ser integradas em “sal no deserto” e estender-se, com alguma liberalidade, a um “deserto de sal”. Se bem que o factualmente mais próximo, ao que se saiba, estivesse a Norte de África, iremos, mais uma vez, encontrar possíveis inspirações na Bíblia: … terram fructiferam in salsuginem, a malitia inhabitantium in ea // Il à changé le sol le plus fécond en un terrain aussi sec que si l'on y avoit semé du sel, et tout cela pour punir la méchanceté des habitants
[4]. Contudo, é ao avançar na análise semiótica que nos convencemos da propriedade do que se concluiu.
Aparentemente, a integração no âmbito parofónico não se regeria por regras oracionais estritas, dificílimas de aplicar pela frequente ausência do verbo e condicionadas pelo método de obtenção das palavras, inteiramente acidental. Auxiliaria à transformação dos vocábulos ao tomar de início cada sentido isolado, só depois comum, de modo a obter-se uma ou mais imagens visuais. As declinações e todas as flexões em geral funcionariam mais como facilitadores da identidade denominante-designante do que como modificadores semânticos intervocabulares. Evidentemente, necessitam-se mais exemplos para adquirir segurança nesse tipo de generalizações.
Passemos ao cálculo do índice de discrição[5]. Após o emparelhamento do denominante com o designante /s//s/, /a//a/, /l//l/, /E//e/, /r//4/, /_//e/, /n//m/, /u//u/, /m//m/, observamos que há maior quantidade de fonemas no último, portanto max(nD,nd) = max(8,9) = 9[6]. Não existem quaisquer transposições, pelo que t = 0; passaremos a analisar as transformações fonéticas. Estas ocorrem nos emparelhamentos /E//e/, /r//4/, /_//e/, /n//m/; apenas o par /_//e/ é suficientemente heterogéneo para produzir c = 1,0; os outros três, assemelhados, fornecem c = 0,5. Todas as transformações encontram-se no interior das palavras e aplicar-se-á sempre p = 1,0. O somatório dá: 0,5 × 1,0 + 0,5 × 1,0 + 1,0 × 1,0 + 0,5 × 1,0 = 0,5 + 0,5 + 1,0 + 0,5 = 2,5 donde se obtém k = (2,5 × 2)/max(8, 9) = 5,0/9 = 0,556, logo, concluímos pela razoabilidade da parofonia, uma vez que k < 1. Não sabemos se seria possível incluir consistentemente na fórmula de cálculo de k um fenómeno específico a esta parofonia. Ocorre que os trechos /E/r/ ~ /e/4/e/ dificilmente justificariam uma tão grande influência no valor do índice de discrição, cerca de 80% do total k = 0,556. Ao nosso ouvido, a pronúncia de ambas as palavras denuncia uma certa fusão entre os fonemas mediais do designante, tendendo a elidir o segundo /e/, o que diminuiria significativamente o valor encontrado. De qualquer modo, nos parece prematuro aperfeiçoar a modelização nesta fase da pesquisa.
O primeiro elemento do designante, sal, aceita-se facilmente como estando representado no esmalte branco do escudo. Adianta-se que já encontrámos outros exemplos perfeitamente idênticos a esta associação parofónica. Contudo, talvez pareça desnecessário o aspecto redundante na semântica do segundo elemento, eremum, a reforçar o traço heráldico de preenchimento do espaço à volta do sol com a metonimização simples: deserto > amplo > escudo cheio. Para mais, o elemento salino, como sabemos, pode ser obtido pela acção evaporativa dos raios solares. Tal circunstância vai ligar-se por metonímia composta com a aridez que está associada ao deserto. Temos por um lado a sequência de metonimização: sal > evaporação > calor > Sol e pelo outro: deserto > quente > calor > Sol, convergindo ambas para um mesmo tema. Apesar da preeminência solar no desenho, este não passa de uma complementação na forma de adereço, nunca referido directamente pelo designante, como se acreditava anteriormente.
Num paralelo com Portucalis ~ Porta cales, vemos descritas duas versões visuais distintas do Sol. A primeira, simplificada ao máximo, fá-lo redondo e amarelo, na verdade numa função exclusivamente complementar, a caracterizar o azul do campo como um Céu e também a alimentar o fogo do Inferno. A segunda, esta que agora estudamos, mostra os traços clássicos de um Sol heráldico, com raios, centralizado e a ocupar o máximo possível do campo. Note-se que em ambos o disco solar é amarelo, enquanto que na segunda junta-se-lhe o esmalte vermelho a colorir a envolvência dos raios. Estes cromatismos poderiam estar fundamentados nas considerações mais elementares, talvez medievais, sobre a natureza do Sol. Enquanto que o seu calor parecia desvanecer-se quase completamente nos rigorosos Invernos europeus, a luz permanecia inalterada. Assim, a natureza fundamental do Sol deveria ter sido entendida mais como brilho luminoso e menos como potência calorífica. Talvez um reflexo das numerosas associações de Deus com a luz, possivelmente herdadas de crenças pagãs anteriores. Pelo contrário, seria possível associar o calor do Sol ao Inferno graças à autoridade divina, como vimos no artigo já referido acima. Esta dicotomia luz-calor é necessária ao traço heráldico de Salerno porque o calor é uma imanência tanto do deserto como do Sol, ainda mais ligado por metonímia ao sal. O amarelo estaria, portanto, associado à luz, enquanto que o vermelho representaria o calor. Apesar de sabermos perfeitamente que a sombra de sol[7] representa habitualmente aquele astro todo em vermelho, lembramos que as normas heráldicas irão constituir-se apenas muitos anos mais tarde.
[1] CLEMMENSEN, Steen - Armorial Wijnberghen - Farum: Acedido a 13 de Junho de 2012, disponível em: <http://www.armorial.dk>, 2009.
[2] TIMMS, Brian - Heraldry- [s.l]: Acedido a 13 de Junho de 2012, disponível em: <http://www.briantimms.fr>, 2011.
[3] Respectivamente condados de Ziegenhein, Antuérpia e Spiegelberg.
[4] BERTHIER, Guillaume F. - Les Psaumes Traduites en François, avec des Rèflexions - 3ª ed. Tomo IV - Adrien Le Clère - Paris - 1807 - p. 592.
[5] Ver o artigo Portucalis ~ Porta cales.
[6] Usamos, como de hábito, a codificação X-SAMPA.
[7] Designação do brasonamento de um sol com dezasseis raios, tudo em vermelho.
Salerno - Armas de Fantasia | ||||||||||||
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Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Fantasia | R | Rei de Salerno | ||||||||||
Territorial | M | Salerno | ||||||||||
Língua de Fantasia | V | Salernum (latim) | ||||||||||
Denominante | A | Salernum | ||||||||||
Grafemização | A | S | A | L | E | R | N | U | M | ||||||||||
Fonemização denominante | A | [ s | a | l | E | r | n | u | m ] | ||||||||||
Emparelhamento | A | [ s | a | l | E | r | _ | n | u | m ] | ||||||||||
A | [ s | a | l | e | 4 | e | m | u | m ] | |||||||||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0 | ||||||||||
Coeficiente de carácter | A | 0,0|0,0|0,0|0,5|0,5|1,0|0,5|0,0|0,0 | ||||||||||
Coeficiente de posição | A | 0,0|0,0|0,0|1,0|1,0|1,0|1,0|0,0|0,0 | ||||||||||
Parcelas | A | 0,0|0,0|0,0|0,5|0,5|1,0|0,5|0,0|0,0 | ||||||||||
Índice de discrição | A | k = 0,56 | ||||||||||
Fonemização designante | A | [ s | a | l | _ | e | 4 | e | m | u | m ] | ||||||||||
Grafemização | A | S | A | L | _ | E | R | E | M | U | M | ||||||||||
Designante | A | sal | eremum | ||||||||||
Polissemia composta | S | sal | deserto | ||||||||||
S | sal | quente, amplo, árido | |||||||||||
Material + Toponímia | E | sal + deserto | ||||||||||
Esmalte | H | esbranquiçado | De prata | |||||||||
Imanência | C | sal | ||||||||||
Contraste | C | vermelho | ||||||||||
Separação | H | amplidão | (cheio) | |||||||||
Imanência | C | deserto | ||||||||||
Metonímia simples | S | deserto > amplo > escudo cheio | ||||||||||
Número | H | 1 | uma | |||||||||
Metonímia composta 1/2 | S | deserto > árido > quente > calor > Sol | ||||||||||
Figuração | H | Sol | sombra de Sol | |||||||||
Preenchimento | C | área do escudo | ||||||||||
Centralidade | C | coração do escudo | ||||||||||
Adereço | C | fonte de calor | ||||||||||
Esmalte | H | calor | (de vermelho) | |||||||||
Imanência | C | Sol | ||||||||||
Contraste | C | prata, ouro | ||||||||||
Metonímia composta 2/2 | S | sal > evaporação > calor > Sol | ||||||||||
Conectivo | H | sombra de Sol + besante | carregada de | |||||||||
Número | H | 1 | um | |||||||||
Figuração | H | redondo | besante | |||||||||
Imanência | C | Sol | ||||||||||
Esmalte | H | luz | de ouro | |||||||||
Imanência | C | Sol | ||||||||||
Contraste | C | vermelho |
(próxima análise neste blog aqui)
Escudo assinalado no Armorial de Zurique (Zürcher Wappenrolle) que se data de meados do século XIV, acompanhando várias outras armas de fantasia. Para a nossa análise tem o benefício de ser consensualmente reconhecido como falante, pelo menos na metade anterior relativa à porta. Os autores do texto e dos brasões parecem ter sido a mesma pessoa, inferindo-se daí uma data de execução simultânea. Apresenta ainda alguns acrescentamentos de mão distinta com letra do século XVI, entre os quais se incluem estas armas que agora estudamos. A interpretação da legenda correspondente seria segundo uns Portugal rex[1], em latim, ou segundo outros Portegalien[2], mais germanizada mas duvidosa. Inclinamo-nos pela a primeira versão, se bem que a leitura seja difícil mas haverá poucas dúvidas de que aquele escudo dizia respeito a Portugal.
Ademais da apreciação paleográfica, algumas destas inscrições suplementares surgem na forma alatinada: Hispania, Britania, Arragon, enquanto outras são decididamente germânicas: Schotten, Rom e Frankreich[3]. De qualquer modo, tratando-se de aditamento tardio, em pouco ou nada influenciaria os considerandos sobre a construção do denominante. Tampouco seria determinativo o idioma usado numa possível legenda original, dado que o brasonamento poderia ser cópia de um armorial precedente ou até de sua própria criação, sem que a verbalização da metonímia do referente seguisse necessariamente o texto. Isso parece acontecer com pouca frequência nos brasões fantasiosos, acreditamos contudo ter ocorrido aqui, empregando-se o latim.
O confronto com outros pergaminhos mostra armas de fantasia comuns ou muito semelhantes entre si como as de Jerusalém, Ruténia e Satrápia. Poderíamos ainda compará-las no presente documento com as entradas: Navarra, Inglaterra e Dinamarca que estão incompletas ou equivocadas, mas tal não se dá, ao tratarem-se, plausivelmente, de armas fantásticas inéditas. Volta-a pôr-se a pergunta do artigo anterior: desconheceria o autor a heráldica verdadeira do rei português? A resposta deverá ser igual; talvez haja mesmo um desconhecimento ainda maior porque não poderemos, de modo nenhum, afirmar a associação do esmalte azul e do besante dourado deste caso com as armas portuguesas.
O denominante parece derivar do referente Portugal enquanto território, a acreditar no texto junto às demais entradas originais do Armorial. Recorremos de seguida à lingua-franca latina, que classificamos desta vez como língua de fantasia, para constituir Portucalis em denominante[4]. A solução encontrada no par denominante-designante: Portucalis ~ porta cales, não é uma parofonia perfeita como o antecedente Portingale ~ porte ingal tratado em Portugal - Armas de Fantasia II, pois apresenta agora um índice de discrição k=0,30. Melhorámos, contudo, a proposta apresentada na dissertação: Portegalien ~ porta galla. E isto não só pelo critério da valorização do índice k mas também pelo hibridismo germano-latino aventado inicialmente e pela falta de integração com os traços restantes do escudo.
Pormenorizaremos a sequência de cálculo. Começamos por emparelhar as palavras, de modo a verificarmos coerentemente os sons a corresponderem-se em ambas, tendo-se achado o total de n=10 fonemas para cada um. Já sabemos que fonemas correspondentes idênticos sofrem penalização nula e que não ocorrendo, como dá-se frequentemente, deixarão de contribuir para o somatório, efectuado carácter a carácter. Da mesma maneira não encontramos transposições fonéticas e o coeficiente respectivo é nulo em todos os pares de fonemas. Existem apenas duas transformações. A primeira, mais notória, de /u/ em /a/, penaliza-se com o coeficiente de carácter c=1,0; a segunda, mais ligeira, de /i/ em /e/, recebe a penalização c=0,5. Quanto à penalização pelo lugar ocupado pelos fonemas nos vocábulos acham-se ambos no seu interior, implicando coeficientes de posição iguais p=1,0. Multiplicamos membro a membro e somamos obtendo o valor intermédio 1,0 x 1,0 + 0,5 x 1,0 = 1,50, cujo resultado multiplica-se pelo quociente 2/max(10,10) = 2/10 = 0,2, obtendo-se 1,50 x 0,2 e k=0,3. Sendo o índice de discrição k inferior à unidade podemos aceitar a proposição Portucalis ~ porta cales como parofonia heráldica.
O designante porta (lat. porta) cales (lat. estás quente) constitui uma monossemia composta por exprimir dois sentidos diferentes e ocasionar outros tantos traços heráldicos distintos, porém integrados semanticamente mediante composição metonímica. A porta está bem visível no traço heráldico e não oferece dificuldades de monta. O segundo termo, cales, ao integrar-se no ambiente estabelecido por porta, metonimizar-se-á em: estás quente > lugar quente. Deveríamos então responder à pergunta - Qual o lugar quente provido de uma porta? Pareceria aceitável prosseguirmos a metonimização assim: estás quente > lugar quente > Inferno. Esta solução mostra muito boa sintonia com a outra parte da metonímia composta, a convergir por meio do designante através de: porta > morada > Inferno.
Mesmo se pudermos considerar estes argumentos razoáveis não é nada razoável supor que o hipotético desenho do campo vermelho com uma porta pudesse ser entendido como o endereço de Satanás. Era preciso, consequentemente, refinar o arranjo, sem desobedecer à norma básica da simplificação a regrar o brasonamento medieval. Pensamos ter-se recorrido a opor um Céu ao Inferno, de modo que esta oposição afastasse quaisquer incertezas quanto ao assunto tratado. Complementou-se também o traço heráldico recorrendo a uma única metonímia do referente, desconsiderando desenhos por demais trabalhosos, como convirá e aparece recorrentemente na fantasia armorial.
O Inferno vê-se parcialmente no esmalte vermelho do vão da porta que, por sua vez, se representa a si mesma no designante porta. O Céu é o esmalte azul externo, enquanto o Sol, astro celeste por excelência e, neste aspecto, algo redundante, será pretensamente responsável pelo calor do Inferno, sem dúvida graças à Mão Divina. O astro-rei é uma simplificação, transformado em besante ou mesmo em bola[5]. O facto de não aparecer radiante como se usa no brasonamento pode explicar-se por emergir na etapa de sematização. Não se trata de peça principal, a gozar da plenitude semântica ou, caso secundária, de complementação inteiramente desprovida de sentido.
Na forma de adereço, o Sol é um elemento necessário ao entendimento da sematização do Céu, com o traço azul, e do Inferno, com o traço vermelho, inspirado secundariamente no calor solar. Apesar disso, incorpora alguma simplificação, além de imanências e contraste na sua outra qualidade de complemento visual. Algumas destas ideias poderiam ter nascido das numerosas passagens bíblicas à disposição dos autores, influência habitual na época, como por exemplo[6]: " ... Eles subiram a planície da terra e cercaram o acampamento dos santos e a cidade predilecta. Mas um fogo que caiu do céu devorou-os. O Diabo, que os tinha enganado, foi precipitado no lago de fogo e de enxofre, onde também estão a Besta e o Falso Profeta ... ".
As complementações usadas não modificam o desenho excepto em pormenores, quase todos demasiado notórios, como a orientação horizontal da porta, os contrastes e as imanências. No que se refere às duas folhas da porta, elas são necessárias pela simetria do traçado. Há a exigência semântica de mostrar o interior encarnado, conduzindo ao traço heráldico da porta aberta, inevitavelmente desequilibrada se apresentasse uma só folha. Os esmaltes do aro e da porta são da mesma cor, justificáveis pela regra da simplificação mas também coerentes com as cores da pedra e do metal a eles correspondentes. A madeira pareceria inadaptada a um Inferno abrasador. Inexistindo a parede reforça-se a ideia dissimulada ou recôndita atribuída à localização do abismo infernal. Por último, acrescentamos que não se põe a possibilidade de considerar apenas o arco e daí representar o Inferno sem porta. Isso seria, literalmente, deixar o Diabo à solta ![7]
[1] RUNGE, Heinrich - Die Wappenrolle von Zürich - Ein Heraldisches Denkmal des Vierzehnten Jahrhunderts - Zurique: Antiquarischen Gesellschaft in Zürich, 1860.
[2] CLEMMENSEN, Steen - The Zürich Armorial (Wappenrolle von Zürich) - Farum: Acedido a 31 de Janeiro de 2012, disponível em: <http://www.armorial.dk>, 2009.
[3] BIGALSKI, Gerrit - The Zürich Roll of Arms - Acedido a 31 de Janeiro de 2012, disponível em: < http://www.silverdragon.org/HERALDRY>, [s.d.].
[4] A sequência recorrente: referente - metonímia do referente - verbalização - acomodação - sematização - especificação - traço heráldico - complementação, é a mesma do exemplo anterior e está desdobrada na tabela que segue mais abaixo.
[5] Talvez porque aparente estar sustida pela porta.
[6] Ap 20, 9-10, ver AA. VV. - Bíblia Sagrada - Lisboa e Fátima: Difusora Bíblica, 4ª ed. 2003.
[7] Repetem-se, por comodidade, as abreviaturas menos evidentes usadas na tabela: Referente (R), Metonímia do Referente (M), Verbalização (V), Acomodação (A), Sematização (S), Especificação (E), Traço Heráldico (H) e Complementação (C).
Portugal - Armas de Fantasia I | ||||||||||||
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Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Fantasia | R | Portugal | ||||||||||
Territorial | M | Portugal | ||||||||||
Língua de Fantasia | V | Portucalis (latim) | ||||||||||
Denominante | A | Portucalis | ||||||||||
Grafemização | A | P | O | R | T | U | C | A | L | I | S | ||||||||||
Fonemização denominante | A | [ p | O | r | t | u | k | a | l | i | s ] | ||||||||||
Emparelhamento | A | [ p | O | r | t | u | k | a | l | i | s ] | ||||||||||
A | [ p | O | r | t | a | k | a | l | e | s ] | |||||||||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0|0,0 | ||||||||||
Coeficiente de carácter | A | 0,0|0,0|0,0|0,0|1,0|0,0|0,0|0,0|0,5|0,0 | ||||||||||
Coeficiente de posição | A | 0,0|0,0|0,0|0,0|1,0|0,0|0,0|0,0|1,0|0,0 | ||||||||||
Parcelas | A | 0,0|0,0|0,0|0,0|1,0|0,0|0,0|0,0|0,5|0,0 | ||||||||||
Índice de discrição | A | k = 0,30 | ||||||||||
Fonemização designante | A | [ p | O | r | t | a | _ | k | a | l | e | s ] | ||||||||||
Grafemização | A | P | O | r | T | A | _ | C | A | L | E | S | ||||||||||
Designante | A | porta | cales | ||||||||||
Monossemia composta | S | porta | estás quente | ||||||||||
S | porta | lugar quente | |||||||||||
Arquitectura + Notoriedade | E | porta + Inferno | ||||||||||
Esmalte | H | céu | De azul | |||||||||
Contraste | C | prata, ouro | ||||||||||
Oposição | S | Inferno x Céu | ||||||||||
Número | H | 1 | uma | |||||||||
Figuração | H | porta | porta | |||||||||
Preenchimento | C | área do escudo | ||||||||||
Simetria | C | eixo do escudo | ||||||||||
Orientação | C | horizontal | ||||||||||
Centralidade | C | coração do escudo | ||||||||||
Conectivo | H | porta + folhas | com | |||||||||
Número | H | 2 | duas | |||||||||
Figuração | H | metades | folhas | |||||||||
Imanência | C | porta + Inferno | ||||||||||
Simetria | C | porta | ||||||||||
Atitude | H | deixando ver o Inferno | abertas | |||||||||
Esmalte | H | metálico | de prata | |||||||||
Contraste | C | azul, vermelho | ||||||||||
Conectivo | H | porta + vermelho | iluminada | |||||||||
Metonímia composta 1/2 | S | porta > morada > Inferno | ||||||||||
Esmalte | H | quente | de vermelho | |||||||||
Imanência | C | Inferno | ||||||||||
Contraste | C | prata | ||||||||||
Metonímia composta 2/2 | S | estás quente > lugar quente > Inferno | ||||||||||
Disposição | H | 1, 1 | encimada por | |||||||||
Número | H | 1 | um | |||||||||
Figuração | H | redondo | besante | |||||||||
Imanência | C | Sol | ||||||||||
Simplificação | C | desprovido de raios | ||||||||||
Adereço | C | astro celeste diurno | ||||||||||
Adereço | C | fonte de calor | ||||||||||
Esmalte | H | dourado | de ouro | |||||||||
Imanência | C | Sol | ||||||||||
Contraste | C | azul |
(próxima análise neste blog aqui)
Estas armas aparecem de início no Herald's Roll, armorial inglês do fim do século XIII, revelando alguns aspectos interessantes para a metodologia parofónica da semiótica heráldica. Apenas na imaginação representavam os soberanos respectivos e haveria algum relaxamento das regras habituais, optando-se por soluções de maior conveniência ou facilidade. Uma das simplificações é o uso da própria língua do fantasista. O método acciona a sequência recorrente (↓) que transforma palavras em imagens: Referente (R), Metonímia do Referente (M), Verbalização (V), Acomodação (A), Sematização (S), Especificação (E), Traço Heráldico (H) e Complementação (C), mostrada na tabela anexa.
A fundamentação da simbologia visual para todas as armas de fantasia é simplificada por meio de uma metonímia, quase sempre associada à denominação do território, conservando, porém, a prática relativa ao referente. Aqui o denominante é Portingal ou Portingale, usado desde o século XII descrevendo Portugal por influência das línguas aparentadas com o francês, nomeadamente o anglo-normando. Usamos a codificação X-SAMPA nas correspondências fonéticas entre o denominante e o designante, de modo a garantir a legibilidade sem comprometer o rigor. O conjunto de fonemas a comparar são iguais - Portingale ~ porte ingal - ocasionando um índice de discrição nulo. Poderíamos classificá-las como armas perfeitamente falantes.
O designante "porte ingal" é sematizado na ideia de "traz igual", ou seja, "mostra as mesmas quantidades". A metonímia simples transforma o conceito abrangente "quantidades" numa exemplificação restrita: os pontos das pintas nas três faces visíveis. Ademais, "igual" não tipifica explicitamente uma qualificação, apesar de o ser; a especificação numérica em que se transforma é significativa na heráldica. Subentenderá duas ou mais unidades do mesmo, a surgir depois no brasonamento: "cada um com". Outra solução usando "aleae" (lat. dados) parece pouco razoável, o latim é raro nas armas de fantasia parofónicas. Criaria também dificuldades que se afiguram insuperáveis na explicação da metade anterior do designante.
A acção tácita em "traz" pode interpretar-se como a vocação do escudo para mostrar figurações dentro de si, mera redundância, sem efeito discernível no traço heráldico. Numa segunda interpretação as próprias figurações, os dados, "trazem" outras, as pintas. Ocorre, portanto, a confluência desta última acepção de "traz" com "igual", metonímia composta porque os traços correspondentes das faces e das pintas reforçam o seu sentido imagético quando estão juntos.
Mas os dados não encerram em si a ideia isolada do designante. O esmalte branco, a existência, disposição e cor das pintas são elementos imanentes que adivinhamos decorrer da natureza do objecto. A razão para empregarem-se três deles talvez estivesse ligada à simplificação do desenho, mantendo a regra da boa ocupação do espaço disponível. Não menosprezaremos o papel que possa ter tido algum jogo em voga ou a preferência estético-convencional do autor do manuscrito, como para o Rei de Castela.
Os traços heráldicos regem-se de hábito pelo brasonamento, salvo quando a prática da arte ou a natureza das coisas convencionem características entendidas por omissão. Deste modo, é aceitável orientarmos as faces dos dados pela borda superior do escudo, se tal não for referido expressamente. Ou que se exponha apenas uma face por dado, decorrendo da descrição do conteúdo: "cada um com cinco pintas", sem menção às outras faces. O Llibre dels Privilegis de Mallorca do princípio do século XIV mostra cinco dados 2-1-2, em ressonância, assim parece, com os cinco escudetes portugueses. O Grimaldi's Roll, armorial contemporâneo deste, apresenta o campo em azul com seis, cinco e quatro pintas nas faces visíveis de cada cubo. Se afastarmos a possível deturpação das armas de fantasia mais antigas podemos pensar na aproximação do esmalte do escudo ao dos escudetes azuis de Portugal.
A escolha do número de pintas poderá ser imputada ao preenchimento mais eficiente do espaço. Seis é o máximo admissível para um dado e, além disso, o armorial surge muito antes da adopção dos cinco besantes de prata em aspa no escudo nacional. Contudo, a disposição tradicional alternada em quincôncio dos onze besantes remete à sua forma mais simples, a quina. Caso tenham sido influenciados pelo brasão português, satisfariam simultaneamente a lógica destas e do artefacto.
Uma outra questão é saber porquê não se terão utilizado as armas verdadeiras do Rei de Portugal. O escudo português seria desconhecido pelo autor? Nada afiançamos mas a resposta parece afirmativa, pelo menos quanto ao conhecimento dos seus pormenores exactos. Exemplos de divergência absoluta podem ser encontrados no mesmo pergaminho: os reis da Dinamarca e da Noruega; para o rei de Castela encontramos três castelos em vez de um. Também não ocorria nenhum estado de beligerância que nos fizesse suspeitar do desvirtuamento propositado.
O campo vermelho ajuda a organizar e completar a composição. Uma mesa de jogo feita em madeira poderia ser o fundo adequado ao cenário lúdico, já que os três dados são vistos de cima. Vários exemplos do nosso corpus apontam para a representação deste material em tons amarelos ou avermelhados, não fugindo demasiado à verdade; falta o castanho no reportório habitual dos brasões. Impedido o primeiro esmalte por menor contraste com o branco resta o segundo.
O fenómeno de complementação manifesta-se de várias formas. Preenche as lacunas deixadas pelos traços heráldicos de carácter semântico e pelo brasonamento mas, de ordinário, está implícito. Encontramos contrastes, imitações, adereços, imanências, simetrias, preenchimentos, centralidades, simplificações e redundâncias. Estas últimas nunca são referidas ao brasonar, por desnecessário.
Ver sobre este assunto:
ANOH - The Anglo-Norman On-Line Hub - Acedido a 13 de Dezembro de 2011 disponível em: <http://www.anglo-norman.net>.
TIMMS, B. - Heraldry - 2011 : Acedido a 13 de Dezembro de 2011 disponível em: <http://www.briantimms.net>.
Portugal - Armas de Fantasia II | ||||||||||||
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Classificação | ↓ | Descrição | ||||||||||
Armas de Fantasia | R | Rei de Portugal | ||||||||||
Territorial | M | Portugal | ||||||||||
Língua de Fantasia | V | Portingale (anglo-normando) | ||||||||||
Denominante | A | Portingale | ||||||||||
Grafemização | A | P | O | R | T | I | N | G | A | L | E | |
Fonemização denominante | A | p | O | R | t | Ẽ | G | a | l | |||
Emparelhamento | A | p | O | R | t | Ẽ | G | a | l | |||
A | p | O | R | t | Ẽ | G | a | l | ||||
Coeficiente de transposição | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | |||
Coeficiente de carácter | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | |||
Coeficiente de posição | A | 1,5 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 0,5 | |||
Parcelas | A | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 | |||
Índice de discrição | A | 0,0 | ||||||||||
Fonemização designante | A | p | O | R | t | Ẽ | G | a | l | |||
Grafemização | A | P | O | R | T | E | _ | I | N | G | A | L |
Designante | A | porte | ingal | |||||||||
Monossemia simples | S | traz | igual | |||||||||
S | mostra as mesmas quantidades | |||||||||||
Acção + Quantidade | E | exibir + iguais | ||||||||||
Redundância | C | traz = brasona | ||||||||||
Esmalte | H | avermelhado | De vermelho | |||||||||
Contraste | C | prata | ||||||||||
Adereço | C | mesa de jogo | ||||||||||
Número | H | 3 | três | |||||||||
Figuração | H | dado | dados | |||||||||
Simplificação | C | = face pontuável | ||||||||||
Esmalte | H | esbranquiçado | de prata | |||||||||
Imanência | C | dado | ||||||||||
Orientação | H | horizontal | (direitos) | |||||||||
Simplificação | C | = borda superior | ||||||||||
Disposição | H | 2, 1 | (em contra-roquete) | |||||||||
Preenchimento | C | área do escudo | ||||||||||
Simetria | C | eixo do escudo | ||||||||||
Centralidade | C | coração do escudo | ||||||||||
Metonímia composta 1/2 | S | traz > área > face > dado | ||||||||||
Localização | H | pintas nas faces | cada um com | |||||||||
Metonímia composta 2/2 | S | iguais > faces > pintas | ||||||||||
Número | H | 5 | cinco | |||||||||
Metonímia simples | S | quantidade > pontos > dado > pintas | ||||||||||
Figuração | H | pinta | pintas | |||||||||
Imanência | C | dado | ||||||||||
Esmalte | H | escuro | (negras) | |||||||||
Contraste | C | prata | ||||||||||
Imanência | C | dado | ||||||||||
Disposição | H | 2, 1, 2 | (postas em sautor) | |||||||||
Preenchimento | C | (quincôncio) | ||||||||||
Imitação | C | (besantes) | ||||||||||
Imanência | C | dado |
(próxima análise neste blog aqui)